O cantor Oruam concedeu uma entrevista ao jornalista Roberto Cabrini na noite deste domingo (30.03), abordando sua relação com o pai, Marcinho VP, sua trajetória na música e as polêmicas que o cercam. Pela primeira vez na televisão, o artista defendeu a memória paterna e destacou que, apesar do estigma, construiu sua carreira de forma independente.
Oruam, cujo nome de batismo é Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, falou sobre a criação dada por seu pai, que cumpre pena desde 1996, acusado de ser um dos líderes do Comando Vermelho. Para o cantor, no entanto, Marcinho VP foi um exemplo dentro de casa. LEIA TAMBÉM - Após lei "Anti-Oruam" em Cuiabá, casa noturna de luxo anuncia show do rapper
“Meu pai foi preso quando tinha 20 anos. Não tem como ele ser esse monstro todo que a sociedade quer”, afirmou. “Ele tentou esconder a gente do morro, para que a gente não olhasse aquilo ali e quisesse ser aquilo ali.”
Oruam reforçou que, se pudesse escolher, teria exatamente o pai que tem. E que, ao contrário do que muitos pensam, seu sucesso veio pelo próprio esforço. “Se hoje eu conquistei o Brasil, foi porque meu pai me ensinou o caminho certo. Ele falava: ‘Filho, você tem que trabalhar, tem que estudar, ser honesto e humilde’.
Durante a entrevista, o cantor também comentou sobre a “Lei Anti-Oruam”, projeto que busca impedir qualquer tipo de incentivo ao crime em eventos culturais, com penalizações para quem descumprir as regras. Para ele, a medida surge de um preconceito contra sua origem e sua história.
“O fato de eu ser filho do Marcinho... Consegui superar as expectativas, consegui superar as estatísticas”, desabafou.
“Lei Ant Oruam” faz referência a um projeto de lei que tramita em diversas capitais do país, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro, Goiânia, Campo Grande e Cuiabá. A proposta visa impedir que eventos culturais patrocinados pelo poder público contem com artistas que supostamente incentivem o crime ou o consumo de drogas. As sanções previstas incluem multas e até devolução de cachês pagos. Para Oruam, essa medida reflete uma tentativa de silenciamento contra artistas da periferia que cantam a realidade das favelas.
“Eu nunca falei para ninguém cometer crime. Eu canto a verdade, canto o que vejo, canto o que vivi”, disse o cantor.
Ele afirma que sua música não é um incentivo ao crime, mas sim um retrato de sua trajetória e da realidade de milhares de jovens brasileiros.
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