Após nove meses de internação, as gêmeas siamesas Lara e Larissa Cardoso deixaram o hospital pela primeira vez nessa quarta-feira (07.08). As irmãs, que nasceram unidas pelo tórax, abdômen e genitália, enfrentam um dos casos mais complexos já tratados pelo médico especialista em siameses, Dr. Zacharias Calil.
Lara e Larissa vieram ao mundo prematuramente, com apenas 34 semanas de gestação, no dia 11 de outubro de 2023, no Hospital Estadual da Mulher (Hemu), em Goiânia. Logo após o nascimento, foram encaminhadas à Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde permaneceram por 59 dias em estado gravíssimo. Desde então, as gêmeas passaram por uma série de complicações e procedimentos médicos que tornaram seu caso um dos mais desafiadores para a equipe médica.
“Esse é o caso mais complexo que já atendi”, afirmou Dr. Calil, reconhecido por seu trabalho com gêmeos siameses. O médico explicou que, além das dificuldades naturais decorrentes da união pelo tórax, abdômen e genitália, as meninas também apresentam múltiplas malformações, principalmente no sistema urinário. As gêmeas compartilham o pericárdio, a membrana que envolve o coração, e os aparelhos digestivo, reprodutivo e excretor. Além disso, elas sofrem de estrofia de bexiga, uma condição rara e grave onde a bexiga se desenvolve fora do corpo, sem a proteção da parede abdominal.
Larissa, uma das gêmeas, precisou passar por uma cirurgia cardíaca para corrigir um problema grave: “Foi feito um cateterismo cardíaco para o fechamento de um canal que estava misturando o sangue no coração”, detalhou Dr. Calil. Durante a internação, as gêmeas também enfrentaram outras complicações, como paradas cardiorrespiratórias, síndrome do desconforto respiratório, hipertensão pulmonar e sepse.
A mãe das meninas, Kátia Cardoso, relatou que a família é de Parauapebas, no Pará, mas se mudou temporariamente para Goiânia no final da gestação, em busca de atendimento especializado. Desde então, a luta tem sido constante. “Ainda não há previsão para a cirurgia de separação. Elas precisam ganhar peso e estabilizar a parte respiratória antes de serem reavaliadas”, explicou Kátia ao site G1.
As gêmeas foram transferidas do Hemu para o Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (Hecad) em janeiro de 2024, onde permaneceram na UTI até março. Agora, sob acompanhamento rigoroso, Lara e Larissa puderam ir para casa, embora a batalha pela recuperação continue.
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