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VGNE Segunda-feira, 14 de Outubro de 2024, 08:19 - A | A

Segunda-feira, 14 de Outubro de 2024, 08h:19 - A | A

revoltante

Erro inédito em transplantes infecta seis pacientes com HIV no Rio de Janeiro

O caso veio à tona quando uma das pessoas que recebeu um órgão em janeiro deste ano procurou atendimento médico em setembro

João Victor/VGN

Seis pacientes foram infectados com o vírus HIV após receberem órgãos de doadores em transplantes realizados no Rio de Janeiro. O erro, sem precedentes na história do programa de transplantes no Brasil, foi revelado pela Polícia Federal na última sexta-feira (11.10) e detalhado em uma reportagem do programa Fantástico da Rede Globo, exibida na noite desse domingo (13).

Uma das vítimas, que preferiu não se identificar, relatou ao Fantástico o choque e a revolta ao descobrir que havia contraído o vírus após o procedimento de transplante de rim. “É como se o chão se abrisse. Porque é a minha vida e daqui pra frente a minha vida mudou. Minha família está revoltada, porque confiamos que daria tudo certo”, declarou.

Segundo a reportagem, a infecção ocorreu após uma falha grave na emissão de laudos negativos para HIV, emitidos pela Patologia Clínica Doutor Saleme (PCS-Saleme), laboratório contratado pela Secretaria Estadual de Saúde. Dois doadores que portavam o vírus tiveram seus órgãos transplantados para nove receptores, resultando na infecção de seis pacientes.

O caso veio à tona quando uma das pessoas que recebeu um órgão em janeiro deste ano procurou atendimento médico em setembro, momento em que os exames detectaram a presença do vírus. Antes do transplante, essa paciente havia testado negativo para HIV.

"Eu não fiz nada para adquirir isso. O erro foi de pessoas irresponsáveis. Quem lida com a vida de outra pessoa precisa ter responsabilidade", afirmou a vítima, que além dos medicamentos de prevenção à rejeição do órgão, agora terá que conviver com o tratamento para o HIV.

As investigações conduzidas pela Polícia Civil, Ministério Público e Conselho Regional de Medicina revelaram que a assinatura nos laudos de HIV negativos estava registrada com o nome de uma biomédica que não exerce mais a profissão. Em entrevista, a mulher afirmou que nunca teve registro como biomédica, e que seu nome foi utilizado indevidamente pelo laboratório.

Cláudia Mello, secretária estadual de Saúde, declarou ao programa que o governo irá revisar todos os protocolos e iniciar uma sindicância rigorosa para apurar as falhas. "É evidente que houve uma falha inadmissível. Estamos tomando todas as providências para corrigir o problema e prestar o suporte necessário às vítimas", afirmou.

O laboratório PCS-Saleme, responsável pelos testes, emitiu uma nota informando que um erro humano na transcrição dos resultados dos testes de HIV foi identificado e que a instituição está à disposição das autoridades para colaborar com as investigações.

As vítimas agora exigem justiça e a responsabilização dos culpados. Uma das pacientes afirmou que sua vida foi devastada pela notícia e reforçou a necessidade de mudanças no sistema de transplantes para evitar que outras pessoas enfrentem o mesmo sofrimento. “Que felicidade eu tive ao receber meu rim, mas agora só espero que essa história termine aqui. Outras pessoas merecem ter confiança em seus transplantes e em seus médicos", desabafou.

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