Os preços dos produtos derivados do algodão em Mato Grosso apresentaram novos aumentos, de acordo com o boletim do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA). O relatório divulgado nesta segunda-feira (14.10) destaca um incremento de 1,53% no valor da torta de algodão, elevando o preço médio para R$ 694,88 por tonelada. Já o óleo de algodão, outro subproduto relevante, teve um aumento ainda mais expressivo, de 4,80%, atingindo R$ 4.707,14 por tonelada.
Essas elevações estão diretamente relacionadas à alta nas cotações do dólar futuro, que subiu 1,96% na última semana. O cenário econômico dos Estados Unidos, marcado por novas divulgações de inflação e dados sobre o mercado de trabalho, impulsionou essa valorização da moeda americana, que fechou cotada a R$ 5,58.
Segundo especialistas do IMEA, o aumento nas exportações também contribuiu para pressionar os preços internos. Mato Grosso, principal estado exportador de algodão do Brasil, enviou 88,46 mil toneladas ao exterior em setembro, representando 52,18% das exportações nacionais. A China e o Paquistão, dois dos maiores compradores, lideraram as compras da pluma mato-grossense, mas a demanda global por algodão tem aumentado, especialmente com as recentes revisões das estimativas de produção.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) também revisou para cima suas projeções de produção mundial de algodão para a safra 2024/25. A previsão agora é de 25,39 milhões de toneladas, um aumento de 0,19% em relação à estimativa anterior. Esse crescimento foi puxado principalmente pela China e pelo Brasil, que registraram aumentos de 1,44% e 0,60%, respectivamente, na produção. No entanto, a demanda por pluma no mesmo período também cresceu, elevando-se 2,29% em relação à safra anterior, o que ajuda a sustentar os preços elevados.
Com o beneficiamento de algodão avançando em Mato Grosso e a previsão de exportações em ritmo acelerado até o final do ano, produtores e comerciantes devem ficar atentos às oscilações de preço. “Esse é o momento de ajustar estratégias de comercialização, aproveitando a alta no mercado internacional para garantir boas margens”, comenta Cleiton Gauer, superintendente do IMEA.
Analistas indicam que o dólar continuará desempenhando um papel-chave no comportamento dos preços do algodão e seus derivados. “Qualquer novo sinal de instabilidade na economia global pode impactar diretamente as cotações, tanto para cima quanto para baixo”, alerta Vilmondes Tomain, presidente do IMEA.
Essa combinação de fatores — demanda internacional aquecida, dólar valorizado e elevação da produção — faz com que o setor algodoeiro de Mato Grosso continue se destacando como uma peça central no cenário agrícola brasileiro, embora exija cautela e planejamento frente às incertezas globais.
As projeções indicam que os preços devem se manter elevados até o final de 2024, com o dólar futuro e as exportações puxando as cotações. Para os produtores mato-grossenses, isso pode representar uma oportunidade de consolidar ganhos, ao mesmo tempo em que exige atenção às variações externas, como a demanda dos principais mercados consumidores e possíveis ajustes nas políticas econômicas globais.
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