O papa Francisco admitiu que o “cansaço” pode levá-lo a uma renúncia do comando da Igreja Católica, mesmo que essa não seja a sua vontade.
“Um cansaço que não te faz ver as coisas com clareza. A falta de clareza para saber avaliar as situações. Também pode se dar por problema físico”, disse o pontífice à rede pública de Rádio e Televisão Suíça (RSI) nesta sexta-feira (10/3).
“Estou velho, tenho menos resistência física. O problema do joelho foi uma humilhação física, mesmo que esteja cicatrizando bem agora”, declarou. A entrevista ocorreu em meio às comemorações de 10 anos do pontífice à frente da Igreja Católica.
Acometido por fortes dores no joelho, que o obrigam a se locomover em cadeira de rodas, Francisco, de 85 anos, revelou que, no início, tal condição o deixou envergonhado. “Fiquei um pouco envergonhado”, confessou.
Declarações anteriores
Ao jornal espanhol ABC Francisco disse que uma carta de renúncia está pronta, caso os problemas de saúde persistam e continuem atrapalhando o exercício de sua função.
“Já assinei minha demissão. Era Tarcísio Berone o secretário de Estado. Assinei e disse a ele: ‘Em caso de impedimento por motivos médicos ou sei lá o que, aqui fica a minha demissão. Eles já têm’. Não sei a quem o Cardeal Berone entregou, mas eu enviei quando ele era secretário de Estado”, afirmou o papa ao jornal no fim de 2022.
Entretanto, Francisco já se mostrou crítico sobre a possibilidade das renúncias papais se tornarem “moda”. Em uma visita à República Democrática do Congo, realizada em 16 de fevereiro de 2023, ele disse a 82 colegas jesuítas que renúncias de pontífices não deveriam se tornar “moda” e só poderiam ocorrer em circunstâncias excepcionais.
“Isso não significa, no entanto, que a aposentadoria dos papas deva se tornar, digamos, uma moda, uma coisa normal”, disse. “Ser papa é um cargo vitalício. Não vejo razões pelas quais não deveria ser assim”, afirmou.
Antecessor
Em meio às críticas aos eméritos, o papa defendeu seu antecessor, Bento XVI. Ele afirmou que a decisão do então pontífice de renunciar foi um ato de coragem.
Em 2013, Bento XVI tornou-se o primeiro papa a renunciar em 600 anos. Ele alegou que sua saúde mental e física eram frágeis para se sustentar na função. Porém, ele viveu por mais de uma década lúcido antes de falecer, em 31 de dezembro de 2022.
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