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Variedades Domingo, 28 de Maio de 2023, 10:57 - A | A

Domingo, 28 de Maio de 2023, 10h:57 - A | A

bugio-ruivo

Macacos da Mata Atlântica serão ‘exportados’ para repovoar floresta na Argentina

Doação de bugios-ruivos mantidos em cativeiro tem como destino Selva Misionera, no norte do país, onde estão em risco de extinção

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Famoso nas nossas matas por emitir um grito forte, ou ronco, considerado o som mais barulhento de todos os animais terrestres do Brasil, o bugio-ruivo será “exportado” para a Argentina. O primata que não passa despercebido na Mata Atlântica e tem importante papel ecológico e para a ciência vai ajudar o país vizinho a repovoar as florestas da Selva Misionera, no extremo norte argentino. As doações envolverão animais mantidos em cativeiro.

A Selva Misionera conta com o mesmo tipo de vegetação de Mata Atlântica. De acordo com Rafael Rossato, analista ambiental do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros (CPB/ICMBio), representantes da espécie serão fornecidos para ações de manejo populacional na Argentina, que não tem esse animal em cativeiro. A informação foi publicada pelo site “O Eco” e confirmada pelo GLOBO.

— No Brasil, temos muitos bugios-ruivos em cativeiro porque é frequente eles sofrerem electrocussões na rede elétrica, atropelamentos e ataques por animais domésticos. Nestes casos, quando o animal não morre, ele vai para um criatório de recuperação e, por diferentes motivos, muitas vezes não é solto na natureza — afirma o analista do ICMBio. — Isso ocorre porque boa parte de seu habitat é próximo ou inserido em centros urbanos. Pelo que foi relatado na oficina da Argentina, essas situações não acontecem lá para essa espécie de bugio-ruivo.

Em abril, representantes do Instituto Misionero de Biodiversidad tiveram um encontro com o Ministério de Ecologia de Misiones, do Ministerio del Ambiente y Desarrollo Sostenible da Argentina, do Neotropical Primate Conservation Argentina, da Comissão para a Sobrevivência de Espécies da União Internacional para a Conservação da Natureza e do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros. Na ocasião, foi discutida a necessidade de se realizar ações de manejo populacional no país, com reforço, reintegração e resgate para a conservação deste animal, também chamado de barbado e guariba.

A presença desse tipo de macaco foi confirmada em apenas seis locais da província de Misiones. Os especialistas argentinos analisam que cada um desses locais, com um ou dois grupos, compostos por três a quatro indivíduos adultos mais juvenis e filhotes. Assim, eles calculam entre 20 e 50 o número de bugios-ruivos remanescentes na Argentina.

— Considerando que a população estimada de bugios-ruivos da Argentina é baixa, o manejo populacional se torna fundamental para a conservação da espécie, principalmente para manter sua viabilidade genética. No Brasil, já havíamos realizado essa análise em 2022 e em fevereiro deste ano prevendo também a necessidade de realizar essas ações de reforço populacional e reintrodução na natureza — diz Rossato.

O Brasil também vai colaborar com conhecimento técnico-científico sobre a espécie, uma das mais estudadas do país, sobre o manejo em situação de cativeiro.

Espécie ameaçada

O bugio-ruivo contribui para a dispersão de sementes de plantas nativas, além de ser espécie sentinela do vírus da febre amarela, alertando as autoridades quando este está em circulação .

— Os bugios-ruivos estão ameaçados tanto no Brasil quanto na Argentina. As principais causas são a perda, fragmentação e degradação do habitat (Mata Atlântica); a caça, coleta, eletrocussão, atropelamentos e ataque por cães. Há também os surtos de febre amarela ocorridos nos últimos anos, que dizimaram diversas populações de bugio no Brasil e na Argentina — diz Rossato.

No Brasil, a espécie é considerada vulnerável à extinção, enquanto na Argentina ela está criticamente em perigo. Ou seja, a situação aqui é um pouco melhor, até porque aqui esses macacos ocupam uma área bem maior —entre Rio Grande do Sul e Sul da Bahia — do que na Argentina.

— Se pensarmos na conservação da espécie como um todo, é fundamental propormos ações tanto no Brasil quanto na Argentina — conclui o especialista do ICMBio.

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