Três militares foram identificados como supostos envolvidos no furto de 21 metralhadoras do Arsenal de Guerra de Barueri (AGSP), na Grande São Paulo, no dia 07 de setembro. Até o momento nenhum armamento foi recuperado, as buscas contam com o apoio das polícias Civil e Militar.
Os suspeitos foram identificados após o Exército aquartelar 480 militares, desde o último dia (11.10), ação essa que facilitou o comando ouvir depoimentos e afunilar o número de envolvidos no crime. Em nota oficial, divulgada nessa terça-feira (17), o Comando Militar do Sudeste, responsável pelo arsenal, afirmou ter liberado 320 dos 480 militares aquartelados.
Nessa quinta (19), o Exército informou que segue com as investigações em sigilo. “Temos total interesse em informar e enviaremos as atualizações do caso quando for oportuno".
O Exército trabalha com a hipótese de que as metralhadoras tenham sido furtadas uma por vez do paiol do Arsenal de Guerra da cidade por pelo menos três militares.
A investigação apurou que um militar acessou as armas e as separou no galpão de descartes, outro segundo militar retirou o armamento e levou ao caminhão da própria Instituição, e um terceiro dirigiu o veículo, transportando as metralhadoras para fora do quartel em Barueri.
As armas foram deixadas em uma Agrale Marruá estacionada na garagem do quartel do Comando Militar do Sudeste, o armamento teria sido utilizado na Operação Agulhas Negras 2023, treinamento realizado no Vale do Paraíba entre os dias 18 e 29 de setembro. As apurações do caso seguem em andamento para determinar se o trio foi cooptado por facções criminosas para realizar o extravio das armas.
Das 21 metralhadoras furtadas, 13 calibre 50 e pode derrubar helicópteros e aviões sem blindagem e atingir alvos a uma distância de até 2 quilômetros, as outras 08 são calibre 7,62 e são visadas para roubos a carros-fortes e combates terrestres diretos. O Exército afirma que as 21 metralhadoras furtadas estavam “inservíveis” e aguardavam manutenção no depósito de Barue.
De acordo com informações fornecidas por oficiais que acompanham o caso, suspeita-se que o roubo tenha ocorrido durante o feriado do Dia da Independência, em 7 de setembro, quando o quartel estava com baixo efetivo, todos os responsáveis pela fiscalização e controle do arsenal serão punidos disciplinarmente.
Os militares que estavam de plantão durante o feriado estão entre os suspeitos, e o Exército pretende tomar medidas disciplinares internas contra os responsáveis pelo controle do armamento, que só perceberam o furto mais de um mês após o ocorrido, eles foram notificados no inquérito policial militar aberto para investigar o crime e terão a oportunidade de apresentar suas defesas.
O avanço das investigações se deu após a Polícia Civil do Rio de Janeiro ter acesso e enviar ao Exército um vídeo que circulava nas redes sociais, mostrando quatro metralhadoras de grosso calibre sendo oferecidas ao Comando Vermelho, com as senas os oficiais que atuam na investigação reconheceram que as armas exibidas e são semelhantes às que foram furtadas do Arsenal de Guerra.
O controle desse tipo de armamento só é feito quando alguém precisa acessar o armário onde as armas são guardadas, após abrir o armário, o militar é obrigado a contar quantas armas permanecem trancadas nos cabides e registrar os números em um arquivo interno, e foi somente quando o militar responsável pela contagem percebeu o desaparecimento das metralhadoras que o inquérito foi aberto.
O Ministério Público Militar foi informado sobre o furto e solicitou informações sobre a investigação ao Exército, mas os procuradores militares só devem se envolver no caso após a conclusão do inquérito conduzido pela Força.
A investigação sobre o desaparecimento do armamento é feita exclusivamente pelo Comando Militar do Sudeste (CMSE), na capital paulista, e o Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT), com sede em Brasília.
“O Comando Militar do Sudeste (CMSE) informa que ainda não há a confirmação de suspeitos. A investigação tem levantado indícios e assim que confirmado será divulgado de imediato. Paralelamente à investigação, todos os militares do Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP), que tinham encargo de fiscalização ou controle e, comprovadamente, cometeram irregularidades, serão responsabilizados e cumprirão punições disciplinares, à luz do Regulamento Disciplinar do Exército (RDE)”, informa nota divulgada pelo Exército nesta quinta.
Nesta quinta-feira (19) na entrada da Gardênia Azul, na Zona Oeste do Rio, oito das 21 metralhadoras do Exército que foram furtadas do Arsenal de Guerra do Quartel em Barueri, em São Paulo, foram interceptadas. A apreensão de 4 metralhadoras ponto 50 e outras 4 MAGs, calibre 7,62, foi feita por agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), da Polícia Civil do RJ, com apoio da Inteligência do Exército. Ninguém foi preso.
De acordo com o Instituto Sou da Paz, o furto das armas foi o maior desvio de armas registrado pelas Forças Armadas desde 2009, quando começou a fazer esse tipo de levantamento, na ocasião 07 fuzis foram roubados do batalhão em Caçapava, interior paulista.
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