Um motoboy de 29 anos registrou um boletim de ocorrência depois de ter sido hostilizado por duas jovens em uma publicação nas redes sociais minutos depois de fazer uma entrega na casa de uma delas.
O caso aconteceu por volta das 23h deste sábado (22), em Taquaritinga (SP). De acordo com informações da Polícia Civil, o crime foi registrado como injúria racial.
O entregador, que trabalhava no momento que o vídeo foi divulgado, tomou conhecimento do conteúdo por amigos.
Segundo ele, as jovens, que são menores de idade, fizeram um pedido na hamburgueria em que trabalha e, na hora do pagamento, teriam se confundido com o troco, pois uma pessoa pagaria em dinheiro e as demais com cartão de crédito. O grupo estava em sete pessoas.
Na publicação, compartilhada nas redes sociais, as clientes utilizam termos racistas para xingá-lo enquanto outras pessoas riem das falas ao fundo do vídeo.
O post revoltou moradores de Taquaritinga, que têm se manifestado em diversas publicações pela internet pedindo por justiça e respeito ao funcionário.
No vídeo, uma das clientes começa dizendo que fez um pedido para sete pessoas em uma hamburgueria e pede que a outra continuar contando. O entregador é chamado de "preto, macaco e fedido".
"Chegou aqui o motoqueiro. Preto, macaco, fedido, filho da puta".
A jovem que está filmando reforça os xingamento proferidos pela amiga. "Ele é tudo isso, ele é tudo isso. É um filho da puta".
De acordo com o boletim de ocorrência, o motoboy foi fazer a entrega em uma casa no bairro Itamaracá, quando, durante o pagamento, as jovens teriam contestado o valor. Ele, então, pediu que conferissem a nota.
Como o valor estava correto, ainda de acordo com a polícia, elas pagaram e o entregador deixou o local.
Minutos depois, as clientes fizeram um vídeo onde xingam o motoboy com falas racistas e publicaram na internet.
A hamburgueria onde o pedido foi feito se pronunciou sobre o assunto e, em nota divulgada nas redes sociais, repudiou a atitude das clientes.
"A La Brasa Burger Taquaritinga vem através dessa nota manifestar nosso total repúdio ao vídeo que está sendo circulado nas redes sociais onde o motoqueiro que presta serviço de entrega para a empresa sofre ataques racistas. Informamos também que estamos prestando total apoio ao trabalhador que no momento se encontra extremamente magoado e triste com o acontecido".
Após a repercussão do caso, motoboys de Taquaritinga se reuniram neste sábado e neste domingo (23) em frente à casa onde o pedido foi entregue para buzinaços em forma de protesto.
À EPTV, afiliada da TV Globo em Ribeirão Preto, o pai de uma das jovens disse que só se manifestará nesta segunda-feira (24), após se inteirar sobre o assunto. A família da outra jovem não foi encontrada para comentar o caso.
Outros casos
Em março de 2021, também em Taquaritinga, uma mulher impediu que a mãe fosse vacinada contra a Covid-19 por um técnico de enfermagem negro.
À época, a prefeitura informou que o caso aconteceu quando as duas estavam de carro na fila do drive thru, no Ginásio de Esportes.
O profissional de saúde relatou que se aproximou para aplicar a dose na idosa, mas foi impedido de vaciná-la pela filha, que disse “não chega perto da minha mãe".
Em abril de 2022, um homem de 29 anos foi preso em flagrante suspeito de vandalizar a Unidade de Pronto Atendimento de Taquaritinga (SP).
De acordo com o boletim de ocorrência, ele teria entrado na unidade já alterado e, após derrubar objetos, agrediu funcionários com tapas e chutes, além de ofendê-los com injúrias relacionadas à cor da pele.
Entre no grupo do VGNotícias no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).
