Três senadores do Podemos, partido para o qual a senadora, juíza aposentada Selma Arruda migrou após ter sido eleita pelo PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, saem em sua defesa e colocam em “xeque” a Justiça e a Procuradoria Geral da República (PGR), pela celeridade no julgamento da Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) que cassou o mandato da colega por caixa dois e abuso de poder econômico nas eleições de 2018. As defesas dos senadores foram publicadas nas redes sociais de Selma.
O senador Eduardo Girão do Ceará, em seu pronunciamento no Senado, diz estar “muito preocupado” com o julgamento de Selma Arruda pela “agilidade e rapidez jamais visto na história deste país”. Apesar de colocar em “xeque” a celeridade processual, diz acreditar na Justiça.
Segundo ele, a PGR cometeu um “grande equívoco” colocou em sete horas, contando com a hora do almoço, para fazer a denúncia de Selma ao TSE, com agilidade que classificou como “hiper estranha”. E diz que Selma é uma pessoa correta, e insinua que a cassação da senadora é por conta de adversários políticos de Mato Grosso.
Girão afirmou que vai acompanhar de perto o julgamento de cada ministro – e enfatizou que “estão querendo tirar o mandato da juíza Selma num prazo louco, mandato dado pelo povo e que é para enfraquecer a luta contra a corrupção”, finalizou o senador.
Já o senador do Rio Grande do Norte, Styvenson Valentim, disse que não estava fazendo uma defesa da senadora, mas um “desabafo” em relação à cassação de Selma. Ele citou a delação de um dos executivos da JBS a PGR, homologada pela Justiça, onde o ministro Onix Lorenzony é citado pelo delator por ter recebido dinheiro por meio de caixa dois, admitiu e até pediu desculpas aos seus eleitores. “Ele admite que recebeu dinheiro, ele e outros deputados do DEM do Rio Grande do Sul. Cadê, nada sobre o tema. Não vi até agora nenhuma manifestação da PGR e nem do STF. Eu lhe pergunto, que Justiça é essa, que pela mesma atribuição julga rapidamente uma pessoa e a outra desde 2017 nada foi feito. Fora outras delações da Odebrecht que citou nomes de parlamentares por caixa dois. Porque só a juíza Selma”, questionou o senador.
O líder do Podemos no Senado, Álvaro Dias do Paraná, também saiu em defesa da juíza Selma e diz que se “na prateleira da política nacional, dignidade e decência na visão da população são produtos em falta, certamente, a juíza Selma é dignidade e decência”, afirmou Álvaro Dias.
Ele diz ainda, que Selma chegou ao Senado por conta das decisões que tomou enquanto juíza, que empolgaram a população de Mato Grosso. O líder do Podemos destacou que não querem estimular a hipótese de retaliação, vingança, porque ela prendeu poderosos no Estado como juíza, “mas, assim como os senadores Girão e Styvenson nos surpreendemos com esta rapidez da Justiça para levar a julgamento da senadora e juíza Selma. Nós acreditamos na Justiça sempre, até que provem o contrário e nós esperamos que na próxima terça-feira, que este julgamento seja de Justiça e a senadora Selma possa continuar com seu trabalho e contribuição ao Senado e ao país”.
Mudança de partido - O Podemos aposta na influência do senador Álvaro Dias junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para salvar a senadora de Mato Grosso, juíza aposentada, Selma Arruda da cassação. Ela foi cassada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE/MT) por unanimidade, por abuso de poder econômico e caixa dois.
Segundo fonte do oticias, uma das propostas para Selma se filiar ao Podemos seria o comprometimento e empenho da sigla em defendê-la na Corte Superior para mantê-la o mandato. Resta saber até onde vai à força do senador Álvaro Dias no TSE.
Entenda - No TSE, tramitam duas ações de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) contra Selma, seu primeiro suplente Gilberto Eglair Possamai e sua segunda suplente Clerie Fabiana Mendes, ajuizadas por Sebastião Carlos Gomes de Carvalho e Diretório Estadual do Partido Social (PSD), atribuindo-lhes a prática de arrecadação e gastos ilícitos de campanha e de abuso de poder econômico.
O Tribunal Regional Eleitoral reconheceu as práticas de captação e gastos ilícitos de recursos e de abuso de poder econômico – caixa dois -, vindo a julgar parcialmente procedentes os pedidos, determinando a cassação de Selma e seus suplentes, bem como a realização de novas eleições para o cargo.
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