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Política Segunda-feira, 24 de Novembro de 2014, 16:56 - A | A

Segunda-feira, 24 de Novembro de 2014, 16h:56 - A | A

Preso na Lava Jato exibe comprovante de suposta propina no valor de R$ 8,8 milhões

Pagamento foi feito a empresário que teria ligações com diretoria da estatal

G1.com

A defesa de Erton Medeiros Fonseca, diretor da Galvão Engenharia preso pela Operação Lava Jato, enviou à Polícia Federal (PF) nesta segunda-feira (24) comprovantes de pagamentos de R$ 8.863.000 referentes a uma suposta propina repassada pela construtora ao esquema de corrupção que atuava na Petrobras.

Segundo os advogados de Fonseca, os pagamentos foram feitos ao empresário Shinko Nakandakari – apontado pelo dirigente da Galvão Engenharia como operador da Diretoria de Serviços da Petrobras, à época comandada por Renato Duque –, para evitar que a empreiteira fosse prejudicada em contratos que mantinha com a estatal do petróleo.

O documento anexado ao processo da Lava Jato pela defesa de Fonseca mostra que a Galvão Engenharia efetuou 20 transferências para a LFSN Consultoria, nas contas de Luis Fernando Sendai Nakandakari e Juliana Sendai Nakandakari, sócios da empresa. Os repasses foram feitos entre 8 de janeiro de 2010 e 25 de junho de 2014.

À frente da defesa do diretor da Galvão Engenharia, o advogado Pedro Henrique Xavier disse ao G1 na última terça (18) que seu cliente admitiu aos delegados federais ter pago suborno para executar contratos com a petroleira. Na ocasião, Xavier não havia revelado para qual diretoria da Petrobras a propina era paga.

No documento enviado nesta segunda-feira à Polícia Federal, os advogados voltam a ressaltar que Fonseca pagou propina sob a "efetiva ameaça de retaliação das contratações que a Galvão Engenharia S/A tinha com a Petrobras".

Ainda de acordo com o criminalista, seu cliente afirmou durante depoimento à PF que o ex-deputado José Janene (PR), antigo líder da bancada do PP, afirmou que a Galvão Engenharia seria prejudicada em contratos firmados com a estatal caso não pagasse o suborno. Janene era um dos réus do processo do mensalão do PT no Supremo Tribunal Federal, porém, não chegou a ser condenado porque morreu em 2010, antes de o julgamento ser realizado.

Em nota enviada ao G1, a assessoria do Partido Progressista disse que o partido "não tem conhecimento oficial do teor dos depoimentos, mas está à disposição das autoridades para colaborar com as investigações."

Acareação

A petição anexada nesta segunda-feira ao processo da Lava Jato destaca que o executivo da Galvão Engenharia aceita se submeter a uma acareação com o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e com o doleiro Alberto Youssef, ambos presos pela operação Lava Jato sob a acusação de integrarem a organização criminosa que tinha tentáculos na estatal. Os dois admitiram à Justiça que eram os operadores da suposta cota do PP no esquema de corrupção.

A defesa de Fonseca alega que o fato de o diretor da empreiteira se colocar à disposição da Justiça demonstra que ele foi "vítima" de crimes praticados pelos dirigentes da petroleira.

Duque

Em depoimento prestado à PF, Renato Duque, que está preso preventivamente na Superintendência da PF em Curitiba, negou ter participado ou ter tido conhecimento de qualquer esquema de propina na Petrobras.

O ex-diretor também negou ter conhecimento de que Pedro Barusco, gerente da estatal subordinado a ele, tivesse recebido propina ou mesmo que mantivesse contas bancárias no exterior. Barusco assinou um acordo de delação premiada no qual se compromete a devolver cerca de US$ 100 milhões aos cofres públicos.

O G1 tentou contato com o advogado Alexandre Oliveira, que coordena a defesa de Renato Duque, mas ele não atendeu às ligações.

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