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Política Quinta-feira, 18 de Julho de 2024, 11:16 - A | A

Quinta-feira, 18 de Julho de 2024, 11h:16 - A | A

desespero e tristeza

Pescadores de MT relatam sofrimento por proibição da Pesca e dizem “orar” para que governador desista da perseguição

"O que sofremos nem o capeta quer estar em nosso lugar”, lamentou o pescador Manoel da Silva

Adriana Assunção/VGN

Os pescadores da Baixada Cuiabana descreveram nesta quinta-feira (18.07), em audiência pública na Assembleia legislativa de Mato Grosso, as dificuldades financeiras enfrentadas pelos profissionais, que foram proibidos pelo governador Mauro Mendes (União) de exercer a profissão em sua totalidade, por conta da chamada Lei do Transporte Zero, que proíbe a pesca em Mato Grosso. 

O pescador de Várzea Grande, João Bosco de Jesus afirmou que ora para que o governador deixe de perseguir os profissionais. Ele apontou a destruição na região da Passagem da Conceição com esgoto e ação das dragas. Segundo ele, esses impactos são desconsideradas pelo Governo, que culpa somente os pescadores.

“Pescador não destrói rio, não mata peixe. Temos o nosso limite de pescaria, não cortamos árvores de rio, ao contrário plantamos. Não entendo essa perseguição: estamos fazendo campanha nas igrejas, orando para que Deus toque no coração do governador para que ele desista de nos perseguir”, declarou o pescador.

A pesca foi proibida em Mato Grosso após a aprovação da Lei do Transporte Zero enviada à Assembleia Legislativa (AL/MT). Em audiência de conciliação no Supremo Tribunal Federal, o Governo apresentou às pressas uma nova lei flexibilizando a proibição do transporte, armazenamento e comercialização de 12 espécies de peixes, considerando que são as espécies com maior valor econômico na comercialização.

O pescador profissional Donizete Aparecido do município de Barra do Bugres relatou sua indignação com o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal por postergar uma decisão deixando as famílias passando dificuldades financeiras. “Somos trabalhadores, não vamos aceitar miséria jamais. Queremos trabalhar!”

Vitalina de Souza, pescadora da Comunidade de Tenda do município de Acorizal, fez um apelo ao governador Mauro Mendes, para que deixasse os pescadores trabalharem.

“Eu nunca vi um ano tão infernal como este: vai completar seis meses e meio, governador por favor devolva o nosso peixe. Não vamos sobreviver com pacu e pacu peva, queremos piraputanga, pintado, Jaú de volta na nossa mesa. Devolva o nosso pão de cada dia.”

Também manifestou durante audiência pública, o pescador de Cuiabá, Jocide Manoel da Silva, detalhou as dificuldades financeiras enfrentadas por não exercer a atividade.

“Esse governador não conhece os pescadores. Eu formei dois filhos na área da pesca e tenho dois para criar, pago prestação de carro R$ 1.208,00 tudo na área da pesca. Eu não quero entregar meu carro, porque se eu entregar já era. Essa lei precisa acabar ontem, por mim, botava meu facão e cortava essa lei. O que sofremos nem o capeta quer estar em nosso lugar”, lamentou o pescador, que também manifestou seu orgulho pela profissão.

Ele também criticou o ministro André Mendonça e os 15 deputados que votaram favoráveis à lei, especialmente o deputado estadual Carlos Avallone (PSDB). E ironizou os cursos profissionalizantes oferecidos pelo Governo que não saíram do papel.

“Eu trabalhei para ele no passado, deputado Avallone. Quem fez essa manobra se chama deputado Avallone. O Governo não iria cumprir com nada, eu estou cheio de diploma, não sei onde arrumar diploma, que ele falou que eu iria conseguir, que ele iria arrumar para mim, não sei onde vou colocar tanto diploma”, desabafou o pescador.
Também de Cuiabá, o pescador Jonas Pereira dos Santos classificou a Lei do Transporte Zero como “Lei Pandemia Mauro Mendes e os 15 deputados que votaram contra”. Eles são contra essa nação que vive lutando para sobreviver.

“Você não sobrevive pegando pacu peva. Ela [Lei] veio para arrasar com o pescador, não se vê um deputado doente, dos que votaram contra nós, a não ser o pescador morrendo como nosso amigo Neno”, exaltou o parlamentar.

Setor empresarial 

O empresário de Santo Antônio de Leverger, Humberto Ata classificou que a lei trouxe a “morte da pesca” no município. Segundo ele, o Governo de Mato Grosso não extingue somente a profissão da pesca, mas “mata” os pequenos municípios que dependem da pesca.

“O nosso movimento dos municípios pequenos, a baixada cuiabana não é movimentada por pessoal de fora. É movimentada pelo próprio pessoal da baixada cuiabana, de Várzea Grande, Cuiabá. Cada veículo familiar gasta em torno de R$ 400 a R$ 500. Hoje não entra nada”, desabafou Humberto.

 
 
 

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