Com um evidente racha na base aliada, os cinco pactos propostos pela presidente Dilma Rousseff em rede nacional em resposta às manifestações de rua podem não sair do papel. O Congresso já barrou um deles: o plebiscito sobre a reforma política com efeito nas eleições de 2014.
A medida que defendia 100% dos royalties de petróleo para educação só não foi sepultada porque uma manobra suspendeu a votação. O PT e o PMDB ficaram isolados na tentativa de resgatar o texto do Senado, que defendia o projeto do governo. Sem condições de superar a maioria a favor da proposta da Câmara, que destina 75% dos recursos para a educação e 25% para a saúde, os principais partidos da base do governo obstruíram a votação até o quórum ficar reduzido e não haver mais condições de prosseguir com a sessão.
Líderes na Câmara dos Deputados alertam que a presidente Dilma Rousseff também terá dificuldades para aprovar a MP dos Médicos, que prevê a importação de profissionais para atuar em áreas remotas do país. O líder do DEM, deputado Ronaldo Caiado considera uma intervenção forte demais na profissão de medicina e o líder do PPS, deputado Rubens Bueno garante que a medida provisória não será aprovada já que a base está dividida e este é um assunto polêmico demais.
A ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, tentou mostrar otimismo para a nova votação na próxima terça (16.07), dois dias antes do recesso parlamentar, que tem início no dia 18. No entanto, a base parece dispersa demais para garantir vitória.
Ao prever a derrota do texto defendido pelo Planalto, o líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), ameaçou aliados. Citou até a distribuição de cargos entre PSD, PSB e PDT.
"Algumas cordas quebraram. Temos que trocar as cordas, recompor com outras, para ver se a gente acerta o passo."
A petista parece igualmente longe de conquistar o item da responsabilidade fiscal.
Peemedebistas não descartam usar a derrubada de vetos, com potencial de estrago nas contas públicas, para pressionar o governo. Líderes afirmam que a queda de popularidade da presidente potencializou a crise. "Aliado não tem que dizer amém em tudo", disse Beto Albuquerque (PSB-RS).
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