A Polícia Federal e a Justiça Federal no Paraná querem que empreiteiras justifiquem depósitos milionários que fizeram em empresas pertencentes ao doleiro Alberto Youssef, suspeito de operar um esquema de desvio em contratos da Petrobras para pagamento de propina a partidos políticos.
Num despacho emitido na última sexta-feira (10), o juiz Sergio Moro, responsável pelo processo oriundo da Operação Lava Jato, lista 12 construtoras que fizeram repasses a firmas de Youssef. Segundo o magistrado, "há indícios veementes" de que as empresas do doleiro eram fantasmas e eram usadas para lavagem de dinheiro, com emissão de "notas fiscais fraudadas", por não ter condições para prestar serviços.
O documento da Justiça informa que a Polícia Federal abriu inquéritos específicos para pedir a cada uma das empresas explicações para "apurar a origem, natureza e finalidade de transferências bancárias". Todas teriam 5 dias para prestar os esclarecimentos.
Com base na quebra de sigilo bancário, o juiz registra, por exemplo, um depósito de R$ 8,5 milhões da Piemonte Empreendimentos na conta da GFD Investimentos, uma das empresas de Youssef, que também recebeu transferências da Treviso Empreendimentos (R$ 4,4 milhões), Mendes Jr. Trading e Engenharia e Consórcio Mendes Júnior MPE SE (R$ 5,5 milhões).
Outra empresa atribuída a Youssef, a MO Consultoria, recebeu depósitos da Investminas (R$ 4,3 milhões), Engenvix (R$ 3,2 milhões), Jaraguá Equipamentos Industriais (R$ 1,9 milhão), Galvão Engenharia (R$ 1,5 milhão), Construtora OAS e OAS Engenharia (R$ 1,1 milhão), Coesa Engenharia (R$ 435,5 mil) e Consórcio SEHAB (R$ 431,7 mil).
Responsável pela defesa das empresas Treviso e Piemonte, o advogado José Roberto Batochio afirmou ao G1 que os depósitos tiveram por finalidade a aquisição de cotas em hotéis que estavam sendo construídos em Porto Seguro (BA) e Aparecida do Norte (SP), além de um condomínio em Curitiba. Como as obras não foram concluídas no prazo estipulado, a Treviso e a Piemonte receberam de volta parte do investimento e acionaram a Justiça para reaver o restante.
"O diretor já foi depor e explicou tudo direitinho, mostrou os documentos ao delegado, para mostrar a absoluta regularidade das transações. Agora, ninguém sabe com quem está tratando nesse processo", disse o advogado, em referência a Youssef, que segundo ele, figurava como alguém "reabilitado" junto à Justiça no Paraná.
Em nota, a Engevix informou que, "por meio dos seus advogados, já se colocou à disposição das autoridades e irá contribuir com as investigações, prestando todos os esclarecimentos necessários".
As empresas Galvão Engenharia, Mendes Jr. e OAS foram procuradas e não responderam.
Não foram localizados representantes da Investminas, Jaraguá, Coesa e SEHAB.
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