Meire Bonfim da Silva Poza, contadora que trabalhou para o doleiro Alberto Youssef, suspeito de ser um dos chefes de um esquema de lavagem de dinheiro e pagamento de propina que teria movimentado R$ 10 bilhões, prestará depoimento nesta quarta-feira (8) à CPI mista da Petrobras.
Será a primeira reunião da comissão após o doleiro, preso pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF), ter assinado um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal em troca de redução da pena de prisão.
A secretaria da comissão confirmou nesta terça-feira (7) a presença da contadora. Por se tratar de convocação, Meire Poza é obrigada a comparecer.
Deputados e senadores que integram a CPI mista vão perguntar a ela se o suposto esquema eram chefiado por Yousseff e Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras. Ambos foram presos pela Operação Lava Jato – Costa cumpre prisão domiciliar como benefício obtido após ter colaborado com as investigações ao assinar um acordo de delação premiada.
Desde o último dia 24, a CPI mista tem a posse de cópias dos depoimentos prestados por Meire Poza durante as investigações da Lava Jato. O material foi cedido pela Justiça Federal do Paraná a pedido da comissão. O tribunal também compartilhou planilhas e demais documentos entregues pela contadora à polícia.
O requerimento de convocação de Meire Poza foi aprovado no último dia 17, após depoimento de Paulo Roberto Costa à CPI. Na ocasião, o ex-diretor permaneceu calado durante a sessão e não respondeu a nenhuma pergunta dos parlamentares.
Para o líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), um dos autores do requerimento de convocação, a contadora tem “revelações importantíssimas” para ajudar a CPI a "desvendar" o esquema.
“Todo esse pessoal, Youssef, Costa, contribuiu para desviar cerca de R$ 10 bilhões da Petrobras por meio das empresas fantasmas desse doleiro. Essa caixa-preta precisa ser aberta urgentemente, para o bem do nosso país”, declarou o deputado.
Meire já depôs ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados como testemunha de um processo de cassação que apura suspeitas de envolvimento do deputado federal Luiz Argôlo (SD-BA) com Alberto Youssef. Segundo a PF, há indícios de que o deputado do Solidariedade era um dos cliente dos serviços prestados pelo doleiro.
Na ocasião em que prestou depoimento ao Conselho de Ética, ela afirmou que o doleiro atuava como um "banco" e repassava dinheiro para diversos políticos, entre eles Argôlo. O deputado, por sua vez, disse ao conselho que a contadora tentou extorqui-lo em R$ 250 mil depois de a Polícia Federal recolher documentos em seu escritório.
Empreiteiras
Se houver quórum suficiente para deliberações, a CPI mista poderá votar novos requerimentos, entre os quais os que autorizam a quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônicos de empreiteiras que negociaram com a Petrobras e que supostamente estão envolvidas no esquema de Yousseff.
Partidos de oposição apresentaram esses requerimentos em julho, mas a comissão ainda não os colocou em votação. “Se não quebrar os sigilos destas empreiteiras, a CPI Mista da Petrobras não chegará a lugar algum", afirmou Bueno.
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