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Política Segunda-feira, 10 de Setembro de 2018, 16:50 - A | A

Segunda-feira, 10 de Setembro de 2018, 16h:50 - A | A

REALIDADE

Com o futuro incerto, manutenção das locomotivas e vagões do VLT são feitos à tração humana

José Wallison/VG Notícias

Reprodução

VLT

 

“Quando falamos para a sociedade, que vamos fazer e entregar a obra. Está aqui!”, disse o então governador Silval Barbosa, então filiado no (MDB), na entrega dos 40 vagões do Veículo Leve sobre os Trilhos (VLT).

No entanto, após mais de quatro anos da chegada dos vagões e das declarações de Silval, os vagões continuam parados, inutilizados. Hoje, os testes para garantir a manutenção das locomotivas e vagões são feitos à tração humana. Seis funcionários da CAF Brasil colocam areia nas rodas dos vagões e locomotivas, para que haja atrito com os trilhos, e depois o vagão é literalmente "empurrado". Um ritual quase diário, e uma das poucas garantias para que os R$ 900 milhões de equipamentos adquiridos não se percam.

Com o futuro incerto, os vagões do VLT continuam parados próximo ao Aeroporto Marechal Rondon, em Várzea Grande. O local seria usado para ser o Centro de Manutenção e Controle Operacional (CMCO), a base operacional do modal.

Além dos 40 vagões, fica todo o equipamento tecnológico do VLT, que custaram aos cofres públicos cerca de R$ 900 milhões. É dali que um dia, se tudo der certo e as autoridades conseguirem vencer o imbróglio jurídico que cerca o projeto, serão geradas as informações para os usuários desse sistema, através de painéis informativos espalhados nas futuras 34 estações.

A primeira imagem que tem do local é de uma montanha de postes, cabos e outros materiais. A entrada do grande galpão é semelhante à de uma obra inacabada, com paredes gastas e sem reboco.

Em outro galpão, trancado, estão armazenados materiais elétricos do VLT, como os ares-condicionados que serão utilizados na CMCO e nas estações, bobinas, transformadores e outros materiais de construção que não podem ser molhados.


Regularmente a CAF tem que entregar um relatório de testes para a Secretaria Estado das Cidades (Secid) e outro relatório para a sede da empresa em São Paulo.

O secretário adjunto das obras do VLT, José Picolli, garante que todos os vagões do VLT estão nas mesmas condições que chegaram. Dentro das locomotivas há a sensação de que ver o modal funcionar seria um verdadeiro sonho para os mato-grossenses.

No local não é feito o teste dinâmico, o que literalmente faria funcionar esses veículos movidos à energia, devido ao alto custo. Assim, podem haver algum ou outro pequeno problema totalmente desconhecidos dos seis funcionários da CAF que operam em Várzea Grande.

“Os vagões parecem que vieram de fábrica ontem, se fazermos um teste dinâmico nos 40 vagões dá para ver algum problema, que pode ser resolvido de imediato. Sempre é feito testes rotineiros em todos os equipamentos como rádios e softwares, a vida útil dele é 30 anos, ele foi feito para rodar na chuva, no sol e até na neve”, conta.

Picolli conta que nenhum material que está armazenado no local será jogado fora. “Possa ser que perdemos alguma peça de concreto no empilhamento, porém, aqui está tudo certo para usar na obra e além disto, está tudo pago. Nós já tínhamos esta margem de quebra”, explicou.

Furtos e pichações no VLT - O adjunto falou que, vândalos já roubaram alguns materiais elétricos como cobre e pincharam os vagões. “A equipe da CAF sempre faz uma manutenção quando acontece algo mínimo com o vagão, como pichações e outra avaria. Já aconteceram pequenos roubos aqui e até pichações no VLT, isto foi bem no começo”, contou.

Questionado sobre o custo da manutenção, Picolli esquiva. “Não podemos falar agora, se custo 10 ou custa 100”.

Os trilhos do local estão emborrachados, assim serão todos quando as obras tiverem prontas. Apenas 5,5 km estão deste modo, da primeira estação (no aeroporto) até o viaduto da Avenida da FEB, ainda em Várzea Grande.

As operações policiais - Para quem viveu na pele as intervenções para as obras de mobilidade urbana para Copa-2014 em Mato Grosso, o VLT é até hoje sinônimo de transtorno e muito estresse. Trânsito que atrasava, aglomerado de carros em trechos das principais avenidas e rotas de saídas mal planejadas. O projeto que prometia uma modernização inédita de Cuiabá e Várzea Grande resultou na montanha de equipamentos guardados no centro de controle em Várzea Grande.

O atraso de mais de quatro anos e uma longa disputa jurídica culminaram também na prisão do ex-governador Silval Barbosa, o executor das obras da Copa 2014, e boa parte de seu staff.

As investigações da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público apontaram que cerca de R$ 18 milhões do projeto do VLT foram desviados para a corrupção. Depois do caos político gerado a partir da Operação Ararath, da Polícia Federal, que investiga esse e outros delitos, os poucos metros de trilhos do VLT construídos em Cuiabá e Várzea Grande tornaram-se mitos, apenas sonhos ou melhor tornaram-se pesadelos.

O consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande está formalmente afastado do projeto desde a Operação “Descarrilho”, do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, de agosto de 2018. O MPF culpa o Estado de adquiriu vagões em excesso para garantir o pagamento da propina de R$ 18 milhões para o ex-governador Silval Barbosa.

Além de fraude, a operação acusa os envolvidos de associação criminosa, corrupção ativa e passiva, peculato e lavagem de dinheiro.

O grande problema é que o equipamento adquirido pelo Estado pertence a empresa CAF Brasil, e tem um seguro de dois anos para ser montado por essa empresa. Caso a CAF, por conta da Operação Descarrilho, seja totalmente afastada do consórcio e impedida de entrar em uma nova concorrência do VLT Cuiabá, a possibilidade de outra montadora, como a francesa Alston, que tem quatro unidades operando no Brasil, montar o equipamento fabricado pela CAF, pode gerar gastos, atrasos e talvez, até o fracasso completo de um gasto de R$ 900 milhões só em equipamentos.

No dia 11 de janeiro, a desembargadora Helena Maria Bezerra Ramos do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) proibiu a Secid de rescindir de forma unilateral o contrato de R$ 1,47 bilhão com o Consórcio VLT Cuiabá - Várzea Grande. A decisão deverá ser respeitada até a conclusão de um recurso administrativo. A decisão proibiu o Governo do Estado de lançar um novo edital para a conclusão do modal de transporte.

A liminar atendeu a um mandado de segurança impetrado pelas empresas que compõem o consórcio - C.R. Almeida, Santa Barbara Construções e CAF Brasil Indústria e Comércio.

O que diz o Consórcio - O Consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande registra que todos os procedimentos de manutenção dos trens são realizados rotineiramente, dentro dos padrões técnicos e de acordo com o cronograma especial desenvolvido pela empresa consorciada responsável pela fabricação, guarda e manutenção do material rodante.

O projeto pode custar um bilhão a mais - O projeto, orçado em R$ 1,477 bilhão, e prevê que os veículos formados por um sistema de bondes passem pelos canteiros centrais das principais avenidas de Cuiabá e Várzea Grande: a Historiador Rubens de Mendonça (avenida do CPA), FEB, XV de Novembro, Tenente-Coronel Duarte (Prainha), Coronel Escolástico e Fernando Corrêa da Costa.

O projeto incluía não apenas a implantação dos trilhos e construção dos vagões do metrô de superfície, mas também a execução de 12 obras de arte, entre pontes, trincheiras e viadutos.

Entre as obras de engenharia civil, estão finalizadas as construções dos viadutos da Sefaz, MT-040, viaduto UFMT, em Cuiabá, e o Viaduto do Aeroporto, e a ponte sobre o Rio Cuiabá (paralela à ponte Júlio Müller) em Várzea Grande.

Estão sendo executadas ou não foram sequer iniciadas as obras das trincheiras Luiz Felipe (na Avenida do CPA) e do Km Zero (na avenida da FEB), bem como o Viaduto da Beira Rio e duas pontes sobre o Rio Coxipó (avenida Beira Rio).

Também estão previstas a construção da Trincheira Trigo de Loureiro (na avenida do CPA), que compreende ainda o alargamento do Viaduto da Miguel Sutil, na região. E as obras para construção dos três terminais de Integração do VLT (Coxipó, CPA e Porto) e a implantação da via permanente nas avenidas João Ponce de Arruda, FEB, XV de Novembro, avenida do CPA e na Fernando Corrêa da Costa.

Outros projetos especiais que faltam é o reforço do Canal da Prainha, na Avenida Tenente Coronel Duarte, bem como construção de uma passagem de pedestres nas proximidades do Viaduto da Miguel Sutil, na avenida do CPA. Isso se for respeitado o projeto inicial do qual ainda falta o pagamento de passivos cerca de R$ 327 milhões de reais, referentes justamente ao equipamento que está no centro de operações em Várzea Grande.

O consórcio, que recebeu mais de R$ 1 bilhão, alega que serão necessários cerca de mais R$ 1,1 bilhão para concluir essas obras.

 

 

 

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