O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou nesta quarta-feira (26) que, após receber o conteúdo da delação premiada do doleiro Alberto Youssef, vai decidir se solicitará ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquérito para investigar políticos citados por delatores do esquema de corrupção que atuava na Petrobras.
Apontado como um dos líderes do esquema de corrupção que atuava na Petrobras, Youssef concluiu nesta terça (25) os depoimentos do acordo de delação premiada acertado com o Ministério Público Federal.
Janot também disse que, com o depoimento de Youssef em mãos, terá condições de avaliar quais suspeitos da Operação Lava Jato serão investigados no Supremo e quais ficarão sob a responsabilidade da Justiça Federal do Paraná.
De acordo com o procurador-geral, “a não ser que haja alguma novidade”, ele já poderá fazer a “cisão” dos inquéritos com base nos depoimentos do doleiro e do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Segundo ele, a separação é necessária para que somente os inquéritos que envolvem, por exemplo, parlamentares ou ministros permaneçam no âmbito do STF, foro adequado para julgá-los posteriormente.
“Com essa [delação de Youssef] eu já tenho uma visão global [sobre o caso]”, respondeu quando questionado por repórteres sobre o que faltava para concluir a separação dos eventuais inquéritos.
Há duas semanas, Janot afirmou que a intenção do Ministério Público, responsável pela acusação, é apresentar o maior número de denúncias possível, de modo a evitar apenas um processo sobre o caso no STF, como ocorreu com a ação do mensalão. Na ocasião, disse também que havia pedido 30 dias ao ministro Teori Zavascki para analisar o conteúdo de todas as delações (ao menos 9) para depois decidir sobre como separar os inquéritos.
A decisão sobre o desmembramento ou não dos inquéritos tem sido foco de queixas de advogados de alguns executivos presos na operação, que entendem que, na atual fase do processo, toda a investigação deveria ser remetida da primeira instância para o STF, pelo suposto envolvimento de autoridades com o chamado “foro privilegiado”.
Vários pedidos nesse sentido já chegaram ao ministro do STF Teori Zavascki. Responsável pela condução da investigação na primeira instância, o juiz Sergio Moro, se manifestou nesta terça sobre um desses pedidos.
Num despacho dirigido a Teori, ele escreveu ser "fantasiosa" a tese da defesa de um dos executivos de que ele estaria ocultando nomes de políticos supostamente envolvidos no suposto esquema na Petrobras. Ele sustenta não há agentes políticos sob investigação na Justiça Federal do Paraná, concentrada somente naqueles sem foro privilegiado.
"O objeto deste processo não envolve o crime de corrupção de agentes políticos, mas sim crimes licitatórios, de lavagem e, quanto à corrupção, apenas dos agentes da Petrobras. Se o dinheiro supostamente desviado da Petrobrás foi, depois de lavado, usado para pagar vantagem indevida a agentes políticos, trata-se de outro crime que não é objeto deste feito", observou o juiz federal na decisão divulgada nesta terça.
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