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Polícia Sexta-feira, 09 de Agosto de 2024, 17:43 - A | A

Sexta-feira, 09 de Agosto de 2024, 17h:43 - A | A

EXCLUSIVO

Vídeo: envolvida no caso Zampieri desistiu de reunião com Mauro Mendes após ameaças

Gravação obtida com exclusividade pelo VGN mostra depoimento da empresária

Lázaro Thor/VGN

A empresária Maria Angélica Caixeta Gontijo afirmou em depoimento à Polícia Civil que desistiu de se reunir com o governador Mauro Mendes (União Brasil) para denunciar crimes de invasão de terras após ser ameaçada por policiais militares. O vídeo do depoimento de Maria Angélica foi obtido com exclusividade pela reportagem do .

Maria Angélica foi presa em 20 de dezembro acusada de ser mandante do assassinato de Roberto Zampieri. Em seguida foi solta e deixou de ser classificada pela polícia como suspeita, após falta de provas. 

No dia 5 de dezembro, data em que o advogado Roberto Zampieri morreu, Maria Angélica tentou marcar uma reunião com o governador Mauro Mendes. Por meio de e-mail institucional, a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) informou que, "de ordem do governador", a reunião seria com o secretário César Roveri em dois dias, no dia 7 de dezembro.

"Eu tinha acabado de chegar em Cuiabá para uma reunião com uma pessoa", afirmou Maria Angélica. "Eu cheguei no final do dia; foi uma reunião com o governador. Eu marquei uma reunião lá no escritório do Mauro Mendes, justamente para tratar desses assuntos", explicou a empresária.

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A reunião foi marcada com um contato identificado como "Cel Alexandre Mt Mauro Mendes". A defesa de Maria Angélica anexou provas no processo que investiga a morte de Zampieri, que também mostram a conversa com o alto escalão da cúpula de segurança pública de Mato Grosso e a troca de e-mails para a reunião.

A ideia da reunião era denunciar policiais militares envolvidos com invasão de terras na região de Ribeirão Cascalheira, a 772 km de Cuiabá. A declaração da empresária foi dada logo após ser presa no dia 20 de dezembro, em Patos de Minas. Ela foi solta cerca de um mês depois, em 19 de janeiro. Até então apontada como mandante do crime, Maria Angélica não foi indiciada pela Polícia Civil por ausência de provas. No seu lugar, foi indiciado o fazendeiro Aníbal Manoel Laurindo, com quem Zampieri disputava terras.

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"Eu tinha uma reunião não nesse dia, acho que foi dois dias depois", afirmou. "O objetivo da reunião era tratar de tudo isso aqui porque eu representei contra o tenente Diogo e contra o PM Cabo Wisllan; são policiais militares envolvidos nessa situação", comentou.

Maria Angélica virou suspeita de assassinar Zampieri por conta da briga judicial que ela vivia com o advogado. Inicialmente trabalhando como seu advogado, Zampieri teria começado a atuar ao mesmo tempo para outro fazendeiro, que disputava terras com a empresária. Por conta disso, Gontijo representou contra ele na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Após análise do celular da empresária, que entregou o aparelho logo após ser presa, os investigadores não identificaram nenhuma ligação entre ela e o coronel do Exército Etevaldo Caçadini, apontado como responsável por contratar Hedilerson Barbosa, instrutor de tiro que teria intermediado a contratação do executor que confessou o crime, o pedreiro Antônio Gomes da Silva, todos residentes em Minas Gerais.

Envolvimento de policiais militares

Nas investigações sobre o assassinato de Roberto Zampieri, os investigadores da polícia se depararam com um inquérito sobre a morte do gerente de fazenda Marcelo da Silva, que trabalhava para o produtor rural Evelci de Rossi, com quem Maria Angélica tinha disputa judicial. A exemplo de Zampieri, Marcelo deixou de trabalhar para Maria Angélica e passou a trabalhar para Evelci.

Marcelo foi morto depois de ter recebido uma mensagem em seu celular de um homem identificado como 'Coronel', que solicitou um favor em uma área rural de Ribeirão Cascalheira. O corpo da vítima foi encontrado carbonizado na caminhonete que ele usou para prestar o favor.

Durante as investigações, os policiais descobriram que Marcelo se reuniu com um capitão da Polícia Militar e um ex-policial militar para verificar se o tal 'Coronel' era uma pessoa de confiança.

Entre os homens com quem Marcelo se reuniu antes de ser assassinado estava Wisllan Conrado Pinheiro, que foi expulso da Polícia Militar após incendiar a sede da Prefeitura Municipal de Canarana em agosto de 2021.

Outro lado

A reportagem tentou contato com a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) para obter informações sobre as denúncias da empresária. Mas até o momento nenhuma resposta foi enviada. O espaço segue aberto para esclarecimentos. 

 

 
 

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