A Polícia Federal deflagrou hoje (27.11), a operação Terra Prometida, para desarticular um grupo criminoso formado por fazendeiros, empresários e grupos de agronegócio. Esses criminosos usavam sua influência e poder econômico para aliciar, coagir e ameaçar parceleiros e, assim, obter seus lotes de 100 hectares, avaliados em cerca de R$ 1 milhão. Esses lotes eram terras da União destinadas à reforma agrária, e o grupo buscava reconcentrar essas terras em seu poder.
Atualmente, estima-se que 80 fazendeiros estão reconcentrando ilegalmente cerca de mil lotes da União, sendo que o maior latifundiário reconcentra 55 lotes, e o menor, 5 lotes, podendo tal fraude alcançar o montante de R$ 1 bilhão, em valores atualizados.
Participaram da operação cerca de 350 policiais federais, que deram cumprimento a 52 mandados de prisão preventiva, a 146 mandados de busca e apreensão e a 29 mandados de medidas proibitivas, nos municípios de Cuiabá, Várzea Grande, Nova Mutum, Diamantino, Lucas do Rio Verde, Itanhangá, Ipiranga do Norte, Sorriso, Tapurah e Campo Verde. Há investigados também nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Os mandados foram expedidos pela Justiça Federal de Diamantino/MT.
A Polícia Federal instaurou um inquérito policial em 2010 após denúncias veiculadas pela imprensa a respeito de irregularidades na concessão e manutenção de lotes destinados à reforma agrária. Dentre os alvos, estavam oito servidores públicos.
No transcorrer da investigação, descobriu-se uma verdadeira organização criminosa com forte atuação na região de Lucas do Rio Verde/MT e Itanhangá/MT. Ela estava estruturada para cometer crimes de invasão de terras da União, contra o meio ambiente, falsidade documental, estelionato, corrupção ativa e passiva, cujas penas podem chegar a até 12 anos de reclusão.
Com ações ardilosas, uso da força física e até de armas, compravam a baixo preço ou invadiam e esbulhavam a posse destas áreas. Em seguida, com o auxílio de servidores corrompidos do INCRA, integrantes de entidades de classe, servidores de Câmaras de Vereadores e de Prefeituras Municipais buscavam regularizar a situação do lote.
Para a manutenção do comércio ilegal e reconcentração de terras da reforma agrária, no decorrer dos últimos dez anos, a organização criminosa fez uso de documentos falsos, ações de vistoria simuladas, termos de desistência fraudados e dados inverídicos incluídos no Sistema de Informações de Projetos de Reforma Agrária (SIPRA/INCRA). Essas condutas criminosas propiciavam aos grandes latifundiários, aos grupos de agronegócio e até às empresas multinacionais a ocupação ilícita dessas terras.
O nome da Operação “Terra Prometida” remete à promessa de terras feita por Deus ao povo escolhido.
Atualizada ás 13h30 - O ex-prefeito de Lucas do Rio Verde (354 km ao norte da Capital), Marino Franz (PSDB) e o diretor do Luverdense Esporte Clube, Edu Pascoski, está entre os detidos pela Polícia Federal.
Há a informação de que familiares do Ministro da Agricultura, Neri Geller (PMDB), também estejam entre os investigados. A suspeita mais forte é a de que o integrante da família de Neri alvo da ação seja o ex-prefeito de Tapurah (433 km a médio-norte da Capital), Milton Geller. A Polícia Federal, até o momento, não revelou nenhum nome dos alvos.
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