Imagens de câmeras de segurança registraram como ocorreu a fuga de Gilmar Reis da Silva Vulo, conhecido como “Vovozona”, e Thiago Augusto Falcão de Oliveira do Centro de Reabilitação Industrial Ahmenon Lemos Dantas, em Várzea Grande. Os criminosos e o policial penal Léo Márcio da Silva Santos, 40 anos, estiveram em uma churrascaria de Cuiabá momentos antes de concretizarem a fuga.
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No encontro, também participaram duas mulheres que, segundo investigações da Operação Shadow – deflagrada pela Polícia Civil na segunda-feira (14.04), integram o grupo criminoso e prestaram apoio direto à ação.
O inquérito revelou que o plano de fuga foi minuciosamente arquitetado e envolveu a participação de dois policiais penais que atuavam dentro da penitenciária, além de cúmplices externos. As fraudas incluíram assinaturas irregulares de autorização de saída, troca de veículos, atrasos deliberados e omissões intencionais na comunicação do caso às autoridades.
Na data da fuga, 14 de julho de 2023, foi identificado uma movimentação incomum na unidade prisional. O reeducando Thiago Augusto e o então diretor do presídio, o policial penal Adão Elias Júnior, 43 anos, se reuniram em uma sala sem monitoramento, onde possivelmente firmaram o acordo e a assinatura da autorização de saída dos detentos – entre eles estava Gilmar Reis, considerado de alta periculosidade e líder da facção criminosa Comando Vermelho.
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“Vovozona” jamais deveria ter sido autorizado a deixar o presídio, mas, após a assinatura de liberação, escondeu-se atrás de uma parede no setor onde ficam os presos que trabalham fora da unidade. Em seguida, entrou na caminhonete F-250 da Penitenciária, que foi conduzida por Léo Márcio.
Durante o trajeto, o veículo apresentou falhas mecânicas e foi trocado por uma caminhonete Toyota Hilux de propriedade do próprio Gilmar, buscada na residência do criminoso, localizada próximo ao Shopping Goiabeiras.
Os presos seguiram sozinhos no novo veículo até uma oficina mecânica, aonde voltaram a se encontrar com Léo Márcio. De lá, todos seguiram para uma churrascaria na Avenida Miguel Sutil, ocasião em que as duas mulheres envolvidas se reuniram ao grupo – uma delas, inclusive, arcou com as despesas do almoço.
Após a refeição, Gilmar deixou o local acompanhado das suspeitas, enquanto Thiago seguiu brevemente com Léo Márcio. Logo após saírem do estacionamento, ele desceu do veículo e entrou na Pajero – conduzida pelas suspeitas – sinalizando a fuga.
Mais tarde, Léo Márcio retornou à oficina, transferiu as compras realizadas durante o dia da caminhonete Hilux para a F-250, e apenas informou Adão Elias sobre a “fuga”, numa conversa reservada que durou cerca de 40 minutos.
Posteriormente, os dois policiais penais registraram boletins de ocorrência separados, com omissão e informações contraditórias, incluindo a omissão do local onde a fuga de fato ocorreu.
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A investigação deixou claro que, se a comunicação tivesse sido imediata e fiel aos fatos, haveria possibilidade de recaptura dos fugitivos ainda naquele dia e até mesmo da detenção das mulheres que os ajudaram. A demora e a omissão, no entanto, indicam que não havia interesse dos servidores em impedir a fuga.
A Operação Shadow, que resultou no cumprimento de 35 ordens judiciais, revelou um plano estratégico articulado entre agentes públicos e membros da facção criminosa. Os investigados, incluindo dois policiais penais, responderão pelos crimes de facilitação de fuga e por integrarem organização criminosa.
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