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Cidades Domingo, 22 de Agosto de 2021, 12:00 - A | A

Domingo, 22 de Agosto de 2021, 12h:00 - A | A

"TERRA MARAVILHOSA"

Haitiano vende água em semáforo e em cartaz explica que junta dinheiro para trazer esposa para Cuiabá

"Vende-se água R$ 2,50 até minha esposa chegar pra cá"

Fernanda Renatè/VGN

VGN

Fernanda

O jovem de 26 anos sonha em trazer a esposa do Haiti 

 

Em meio a movimentada avenida da "Prainha", em Cuiabá, o jovem Haitiano Roselin Merilus, 26 anos, vende água mineral, de coco e sucos. Ao lado de seu carrinho onde guarda os produtos, fica fixado um cartaz em um dos pilares do sinaleiro no canteiro central que divide a via com um anúncio no mínimo espontâneo e inusitado.

Na 'propaganda' ele diz que está ali na intenção de juntar dinheiro para trazer a esposa que ficou no Haiti. "Vende-se água R$ 2,50 até minha esposa chegar pra cá"

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Em entrevista exclusiva ao , o jovem contou que está no Brasil há cerca de 2 anos e meio. Neste período ele já conquistou amigos, e diz se sentir bem no país em que decidiu se refugir e tentar uma nova vida.

O jovem tentou fugir da miséria que assolou o Haiti após a morte do seu presidente - e um terremoto que devastou o país, deixando a população na miséria. 

No entanto, durante todo este período, Merilus sonha em um dia conseguir trazer a sua companheira com quem mantém um relacionamento há 4 anos. "Eu gosto muito do Brasil, mas só falta ela para eu ficar feliz. Eu gosto muito dela e quero trazer ela pra cá."

Segundo o jovem haitiano, a mulher precisa de dois documentos para vir para o Brasil que custam em média R$ 5 mil reais cada um deles. "Ela precisa do 'tipo' um visto, que lá chamamos de 'visa'. E esses documentos mais a passagem dariam $R 17 mil, por isso eu fico dia e noite trabalhando. Eu levanto, venho para cá as 9h e às 17 vou para minha casa. Lé eu preparo a água de coco até umas 10h e depois descanso".

Devido ao fato do haitiano não ter conta em banco, acabou levando um golpe de um colega conterrâneo.  "Eu já tinha juntado R$ 6 mil reais quando passei para um amigo Haitiano e ele foi para os Estados Unidos. Ele me bloqueou e eu não consigo mais falar com ele".

Devido a sua simpatia e garra, o jovem conquistou a admiração de empresários e vendedores da região central. Após Merilus 'perder' o seu dinheiro, um lojista do Shopping Popular se ofereceu para guardar suas economias e ajudá-lo na organização das finanças.

Outro empresário proprietário de uma loja de embalagens, contou ao que todo final de tarde ele vai até sua loja onde passa para ele as moedas e ele devolve o valor em notas. "Ele é muito batalhador. Vem todo dia no mesmo horário e no final da tarde me passa as moedas e pequenos valores e eu devolvo em notas altas para  ele se organizar. Assim, um ajuda o outro. Ele merece muito conquistar o sonho dele".

Durante toda a entrevista com a reportagem, ele não perdia um minuto sequer sem ir em um carro oferecer seus produtos, sempre preocupado em realizar mais uma venda. Entre carro, motos e coletivos que passam pela avenida, encontra-se uma história de garra, persistência e um sonho.

A todo momento, o haitiano pedia para que não fosse colocado na matéria que ele quer dinheiro. Ele quer apenas trabalhar e conseguir estar em família por mais um dia, no país que ele intitulou como "terra maravilhosa". 

 

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