A cidade de Sinop, a 479 km de Cuiabá, vive uma escalada de violência que escancara a incompetência do Estado no combate às facções criminosas. Em menos de 10 horas, dois homicídios brutais foram registrados, ambos com características típicas do crime organizado. Uma das vítimas, Gabriel Antony Ribeiro, de 21 anos, foi encontrado na quarta-feira (20.11), jogado em uma vala, com mãos e pés amarrados e uma camisa atada ao pescoço, evidenciando o modus operandi dessas organizações.
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Outro corpo, em avançado estado de decomposição, foi localizado na mesma noite, às margens da Estrada Lucila, próximo à MT-140, também em Sinop. Apesar das dificuldades na análise, o perito identificou sinais claros de execução, como fios amarrados nos pulsos e tornozelos.
Esses episódios ocorrem poucos dias após o assassinato da candidata a vereadora e cantora Santrosa, de 27 anos, cujo nome real era Gabriel Santos da Rosa. No dia 10 de novembro, Santrosa foi encontrada decapitada, com mãos e pernas amarradas, em uma área de mata na região dos Vilas, em Sinop. O crime, marcado por extrema crueldade, chocou a população e gerou um clamor por justiça, mas, até o momento, nenhuma prisão foi realizada.
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Embora a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) tenha iniciado investigações, os resultados são desanimadores. “Disseram que ela era envolvida com drogas, mas ninguém foi responsabilizado. A ação policial foi para inglês ver, completamente ineficaz”, criticou um morador sob anonimato. A insatisfação com a falta de respostas cresce, assim como a sensação de abandono. “As facções cometem crimes bárbaros e saem impunes. As ações policiais são um fracasso”, desabafou outro habitante da cidade.
A omissão do Estado não apenas deixa de combater o avanço do crime organizado, como também o fortalece. Investigações que não avançam e operações mal planejadas contribuem para consolidar o poder das facções, que agora parecem atuar com total liberdade em Sinop. As mortes recentes, com métodos semelhantes, reforçam o temor de que a cidade esteja se tornando campo de disputa entre grupos criminosos, enquanto o aparato de segurança pública se mostra incapaz de reagir com eficácia.
Para os moradores, a segurança pública em Mato Grosso já deixou de cumprir sua função essencial de proteger a sociedade. O Estado, com sua postura reativa e descoordenada, parece incapaz de enfrentar o problema de forma estrutural e urgente. As ações de inteligência, que poderiam evitar crimes, são inexpressivas, e as operações realizadas soam como medidas simbólicas, sem resultados concretos.
O governador Mauro Mendes (União) responsabiliza a "fragilidade das leis", mas essa justificativa soa insuficiente diante da inércia do governo em implementar estratégias preventivas robustas e coordenadas. O crescimento das facções exige respostas à altura, mas o Estado insiste em reações tardias e superficiais. Sem uma atuação firme e articulada, Sinop, assim como outras cidades de Mato Grosso, continuará refém da violência e da negligência do governo do Estado.
É urgente que o governo estadual, em parceria com as autoridades federais, enfrente a criminalidade com estratégias concretas e coordenadas. A escalada do crime organizado não será contida com discursos ou operações pontuais. É preciso ação efetiva, inteligência integrada e um comprometimento real com a segurança da população. Enquanto isso não ocorre, vidas continuam sendo destruídas pela inércia de um Estado que insiste em falhar onde deveria agir com maior eficiência.
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