A política é, por vezes, palco de grandes reviravoltas. Um exemplo emblemático dessa dinâmica pode ser observado na trajetória do vice-governador de Mato Grosso, Otaviano Pivetta (Republicanos), em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em 2018, durante a corrida presidencial, Pivetta não poupava críticas ao então candidato Bolsonaro. Chamava-o de “fanfarrão”, termo que refletia desdém e desconfiança quanto à capacidade do ex-capitão reformado de governar o país. Na época, o vice-governador defendia uma política de gestão técnica e moderada, afastada do discurso radical e polarizador que marcava a candidatura de Bolsonaro.
Entretanto, quatro anos depois, o tom mudou radicalmente.
Na reta final do segundo turno das eleições presidenciais de 2022, Pivetta gravou um vídeo espontâneo, às margens de uma estrada, no qual não apenas declara apoio irrestrito a Bolsonaro, como também o classifica como essencial para o futuro do país.
“Meus amigos e amigas, eu estava indo para o trabalho, resolvi parar aqui porque me deu pressa de falar.”, começa o vice-governador, em tom informal, visivelmente emocionado. Ele continua: “Não adianta nada o Mato Grosso estar no rumo certo, o Estado está consertado, se nós estamos no coração de um Brasil que pode ficar desgovernado. Nós precisamos manter essa linha aí.”
Pivetta então é direto:
“Eu quero declarar meu voto e meu apoio ao Bolsonaro e pedir a todos vocês: vamos fazer vigilância nesses próximos dias até o segundo turno. Vamos pedir voto para quem nos encontrar, vamos justificar porque o Brasil não pode retroagir, não pode voltar para a mão das pessoas erradas. Bolsonaro 22. Um abraço!”
A mudança de posicionamento chama a atenção. Para analistas políticos, essa guinada de Pivetta pode ser interpretada como oportunismo, dado que Mato Grosso é majoritariamente bolsonarista.
Resta saber se, para além da retórica, a nova postura de Pivetta se manterá ao longo dos próximos ciclos políticos ou se será apenas mais um capítulo na longa tradição brasileira de alianças inesperadas.
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