Pelo menos seis tremores de terra foram registrados no decorrer deste ano em Mato Grosso. De acordo com os dados do Observatório Sismológico (Obsis) do Instituto de Geociências da Universidade de Brasília (UnB), os sismos ocorreram entre os meses de agosto a novembro, nos municípios de Água Boa, Alta Floresta, Cocalinho, Porto dos Gaúchos e Tabaporã, e atingiram magnitude de 2,4 a 4,2 pontos na escala Richter.
Professor no Observatório Sismológico do Instituto de Geociências da Universidade de Brasília e coordenador da Rede Sismográfica Centro-Norte que integra a Rede Sismográfica Brasileira, Marcelo Rocha explicou que o Norte de Mato Grosso é considerada razoavelmente sísmica e, ainda assim, ele ressalta que não há motivo para preocupações. “Está tudo dentro do normal, conforme o esperado para uma região que é conhecida sismicamente pela ocorrência desses eventos”, analisou.
Rocha disse ainda que as magnitudes alcançadas podem causar apenas danos materiais e não oferecem risco à população. “A ocorrência de um evento dessa magnitude em uma região populosa pode causar danos, não fatais, mas prejuízos financeiros”, esclareceu. Um tremor passa a oferecer risco à população quando chega a 5,5 pontos, segundo o professor.
MT é o estado brasileiro com mais registros de terremotos
A cidade de Porto dos Gaúchos, a 644 km de Cuiabá, foi palco de dois dos tremores observados em 2014. Ambos ocorreram no dia 11 de setembro, por volta das 12h, com apenas três minutos de diferença de um para o outro. O primeiro sismo chegou a magnitude de 3,9 e o segundo 4,2. Nessa mesma cidade, foi observado o maior terremoto da história do Brasil, ocorrido no dia 31 de janeiro de 1955, com magnitude de 6,2 pontos na escala de Richter.
No dia 8 de agosto foi registrado o primeiro tremor deste ano em Mato Grosso. O sismo foi observado na cidade de Água Boa, distante 736 km da capital, e atingiu magnitude de 3,3 pontos. O segundo e o terceiro episódios foram observados em Porto dos Gaúchos, como já mencionado acima.
O quarto tremor deste ano foi registrado na cidade de Tabaporã, a 643 km de Cuiabá, no dia 13 de novembro. De acordo com o Observatório, o sismo ocorreu durante a madrugada e atingiu magnitude de 3,3 pontos na escala Richter. Já no dia 15 daquele mês, o quinto tremor, com magnitude de 4,2 pontos, foi observado em Cocalinho, distante 765 km de Cuiabá.
Pontes e Lacerda também tem estação sismológica (Foto: Observatório Sismológico da UnB)
Pontes e Lacerda também tem estação sismológica (Foto: Observatório Sismológico da UnB)
O 6º sismo ocorreu no dia 26 de novembro, em Alta Floresta, a 800 km da capital do estado. Esse foi o tremor com menor magnitude observado no estado esse ano, com 2,4 pontos. Marcelo Rocha explica que o cálculo da magnitude é feito conforme os dados das estações sismológicas chegam aos técnicos do Observatório. “Quando os dados estão chegando, liberamos uma preliminar, mas depois não altera muito”, comentou. Mato Grosso conta atualmente com cinco estações sismológicas instaladas nas cidades de Porto dos Gaúchos, Pontes e Lacerda, Colíder, Santo Antônio de Leverger e Araguaiana.
A transmissão de dados da estação de Porto dos Gaúchos, antes prevista para ser reativada em setembro deste ano, continua inativa. Segundo o professor, aquela estação registra os abalos na região, mas devido a um problema no link com o satélite, as informações precisam ser coletadas manualmente. “Tentamos fazer um calendário e executá-lo de acordo com os recursos. A reativação não ocorreu porque temos algumas dificuldades de pessoal, são poucas pessoas para atender mais de 40 estações”, defendeu.
Contudo, Marcelo adiantou que para o próximo ano devem ser instaladas 13 estações temporárias no estado. Essas estações devem atuar por dois anos. “Esperamos instalar essas estações até o meio do ano que vem”, contou.
