Poder 360
O Distrito Federal está em lockdown total desde o último domingo (28.02) e academias, bares, boates, casas noturnas, shoppings, feiras e clubes recreativos estão impedidos de funcionar
O Distrito Federal está em lockdown total desde o último domingo (28.02) e academias, bares, boates, casas noturnas, shoppings, feiras e clubes recreativos estão impedidos de funcionar. Restaurantes seguem funcionando somente com serviço de entrega, sem abertura ao público.
O decreto do governador do DF, Ibaneis Rocha divide opiniões e grande parte dos trabalhadores teme pela falta de arrecadação e um colapso na economia. Proprietária de um salão de beleza em Brasília, Aderi Serra conversou com a reportagem do oticias, e afirmou que é difícil falar o que é certo ou errado, mas que discorda do lockdown e se preocupa com a renda da família.
“O primeiro toque de restrição decretado, eu acho que era o mais correto, porque era das 20h até ás 5h da manhã, que é o horário que o povo vai para rua, a gente vê os barzinhos todos lotados. Agora o lockdown de fechar tudo, a gente que está trabalhando e se cuidando, porque olha como nós atendemos, os profissionais da beleza estão tendo todo cuidando, fazendo toda higienização, trabalhando com hora marcada. Eu não concordo do jeito que foi feito, parando e fechando tudo, é bem complicado”. E acrescenta: “Nós não podemos ignorar esse problema, sabemos que não é fácil as pessoas ficarem doentes, sem leitos, vai morrer muita gente, nós também temos essa responsabilidade, mas do jeito que foi feito, não morre de Covid-19, mas morre de depressão, ansiedade e fome”.
Funcionária de uma loja de cosméticos em um shopping da Capital, a depiladora Wanda Macedo da Silva, também está sem trabalhar e o medo agora, é de passar fome. “Eu não concordo porque há tanta gente passando fome e o país nessa situação, ou seja, se todos os governantes se reunissem e botassem a mão na consciência para ver onde que está o erro, ia fluir melhor. Nós estamos num estado de miséria, estamos pedindo socorro. O jeito seria colocar todos para trabalhar, com cuidado, limpeza, mais atenção à higiene, ambiente para trabalhar com segurança, ia fluir melhor, do que ficar todo mundo em casa passando fome e necessidades. Chegamos ao auge da miséria, os hospitais públicos não tem seringa, luvas, não tem máscara, onde vamos parar?”.
O médico oncologista Cleberson Queiróz diz entender quem discorda do lockdown e se preocupa com a economia do país, contudo, segundo ele, o remédio é amargo, mas necessário neste momento. “Eu pessoalmente entendo aqueles que não gostam da ideia das restrições do lockdown, o prejuízo para economia é inegável, muita gente que está à frente de medidas de restrição são pessoas que tem menos problema com seus empregos, com lockdown, os gestores todos, todo o poder público, eles não tem muito com que se preocupar, dia 05 o salário está lá. Eu entendo muito bem o argumento de quem precisa trabalhar, essas medidas de restrição trazem um prejuízo muito grande para a população”.
E argumenta: “Como médico eu acho que esse remédio amargo deve ser dosado de acordo com a intensidade da doença, essas medidas não devem ser tomadas se não houver uma boa justificativa, e no momento, de uma forma geral, a gente vive um momento que essas medidas de restrição de movimentação são necessárias. Muitas cidades brasileiras caminham para uma situação que simplesmente não há mais capacidade de atendimento. Infelizmente é um remédio amargo necessário para esse momento”.