O governo federal reconheceu ontem o decreto de situação de emergência da cidade de Santa Maria (RS) após o incêndio na boate Kiss ocorrido no último dia 27 e que levou a morte de 238 pessoas. O reconhecimento do decreto agiliza a liberação de recursos por parte do governo federal.
A situação de emergência também permite que sejam feitas contratações emergenciais a fim de suprir a demanda excedente que precisará de serviços públicos urgentes e de qualidade, e dispensa a licitação para aquisição de bens necessários em resposta ao desastre e obras relacionadas a tragédia.
Ontem, morreu mais uma vítima do incêndio elevando para 238 o total de óbitos. Já o sócio da boate Elissandro Spohr, o Kiko, 28, recebeu alta do hospital onde estava internado sob custódia policial, em Cruz Alta (RS) e foi levado para o presídio de Santa Maria (RS).
Ele é uma das quatro pessoas que tiveram a prisão decretada após o incêndio. Já estão presos o outro dono da casa noturna e dois membros da banda Gurizada Fandangueira, que se apresentava na casa no momento do acidente.
INVESTIGAÇÃO: Cinco peritos do IGP (Instituto Geral de Perícias) do Rio Grande do Sul voltaram para a boate kiss, ontem, para coletar mais materiais para análise e determinar, entre outras coisas, o local exato do início do incêndio.
Entre os peritos estavam especialistas na área química, elétrica e de engenharia civil. Eles chegaram por volta das 7h e deixaram o prédio às 11h40. Para fazer os trabalhos dentro da boate, os técnicos tiveram que usar um gerador. Essa foi a terceira e está prevista para ser a última perícia no local.
No início da semana, o vendedor Flávio Boeira, que trabalha em uma loja de colchões, afirmou que vendeu 12 lâminas de espuma de poliuretano para a Kiss. Segundo a polícia, o material revestia parte do teto e das paredes da boate e pode ter sido o ponto inicial do fogo.
Um parecer técnico do Crea (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura) do Rio Grande do Sul apontou que a boate usou de maneira indevida um sistema simplificado de registro de planos de prevenção contra incêndio junto ao Corpo de Bombeiros do Estado.
De acordo com o relatório, a direção da casa noturna obteve um alvará de prevenção, em 2009, não assinado por um profissional especificado como responsável técnico. O parecer do conselho aponta ainda que um acúmulo de falhas contribuíram para o número de mortes.