Ao comentar trocas no comando da Polícia Federal, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou nesta sexta-feira (16.08) que é ele quem manda e argumentou que as mudanças precisam passar por sua análise para que ele não seja um "presidente banana".
"Se ele resolveu mudar, vai ter que falar comigo. Quem manda sou eu, vou deixar bem claro. Eu dou liberdade para os ministros todos, mas quem manda sou eu. Pelo que está pré-acertado, seria lá o [superintendente] de Manaus", afirmou ao deixar o Palácio da Alvorada.
"Quando vão nomear alguém, falam comigo. Eu tenho poder de veto, ou vou ser um presidente banana agora? Cada um faz o que bem entende e tudo bem?", disse.
As declarações foram feitas em resposta a um questionamento sobre a substituição do superintendente da PF no Rio de Janeiro, Ricardo Saadi.
Na quinta (15), após Bolsonaro se antecipar e dizer que Saadi seria trocado, a instituição divulgou nota afirmando que ele seria substituído por Carlos Henrique Oliveira. O nome foi escolha do diretor-geral do órgão, Maurício Valeixo.
Já Bolsonaro disse ter acertado previamente que o cargo seria ocupado pelo atual superintendente da PF no estado do Amazonas, Alexandre Silva Saraiva.
Ao falar que era necessário que dessem satisfações a ele, Bolsonaro não deixou claro se fazia uma referência a Valeixo ou ao ministro da Justiça, Sergio Moro, a quem a PF é subordinada administrativamente.
O presidente minimizou o caso e tentou encerrar os questionamentos sobre o tema mais de uma vez durante a entrevista. Incomodado, disse que os jornalistas não iam conseguir criar uma indisposição dele com a PF.
"Querem me indispor com a PF? Não vão me indispor com a PF. Não vai me indispor."
Na manhã de quinta, Bolsonaro pegou a PF de surpresa ao dizer espontaneamente em entrevista que Saadi seria trocado por questões de gestão e produtividade.
A corporação reagiu e divulgou uma nota negando que a mudança tivesse a ver com a conduta do superintendente.
"A Polícia Federal informa que a troca da autoridade máxima do órgão no estado já estava sendo planejada há alguns meses e o motivo da providência é o desejo manifestado, pelo próprio policial, de vir trabalhar em Brasília, não guardando qualquer relação com o desempenho do atual ocupante do cargo", disse a PF na nota.
Questionado sobre a divergência, o presidente relativizou o que quis dizer com produtividade.
"Ele vai produzir mais aqui. Eu não falei falta de produtividade. É muito simples: 'Se separou por amor', tem dupla interpretação. 'Num ato impensado, mata o filho o pai amado. Quem matou quem?' É a língua portuguesa, pô."
Ele ainda disse que o motivo para a troca de comando da PF no Rio "não interessa".
"O motivo? Não interessa o motivo. Ele vai produzir melhor em outro lugar, cansou da região, está manjado da região. Às vezes para proteger a própria vida. Outra coisa, a gente não tem que dar satisfação para mudar muita gente, né? Se eu assumir a Presidência tem que manter tudo? Ministro, secretaria?"