A produção de veículos no Brasil teve queda de 5,3% em novembro. O total foi de 301.679 unidades no mês, contra 318.701, em outubro. Apesar da queda, que leva em conta algumas paralisações em fábricas e feriados, o volume foi 10,5% superior ao registrado em novembro de 2011, com 272.981 unidades.
Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (7) pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e incluem automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus.
No acumulado de janeiro a novembro, saíram das linhas de montagem 3.083.253 veículos. O volume mostra queda de 2,1% em relação às 3.148.838 unidades fabricadas no mesmo intervalo do ano passado, reflexo da perda das exportações e do ano fraco para o mercado de caminhões.
A queda na produção no acumulado foi a primeira desde 2002, segundo a entidade, causada pelas exportações menores, muito influenciadas pelo câmbio, com o real forte. No entanto, de acordo com o presidente da Anfavea, Cledorvino Belini, outubro foi tão bom quanto novembro, já que este mês teve menos dias úteis.
Ele destaca especialmente o desempenho das vendas no mercado interno no período. "Não houve retração de mercado", diz o presidente da entidade. Em novembro, foram emplacadas 311.772 veículos, segundo os dados da Anfavea.
Com isso, os estoques em novembros somaram 344.608 unidades, o equivalente a 33 dias de vendas. Deste total, o volume nos pátios das montadoras representam 9 dias, enquanto nas concessionárias 24 dias. Belini considera bom o nível, mas muitas montadoras começam a adiar as férias coletivas para atender a demanda de dezembro, pelo que tudo indica, o "real" fim do desconto do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
Segmentos
A fabricação de automóveis e comerciais leves no mês é de 285.642 unidades, redução de 5,4% sobre outubro (301.918 unidades), porém aumento de 14,7% sobre novembro de 2011. No acumulado dos 11 meses, contudo, a redução é de 0,9%, de 2.899.525 para 2.925.105 neste ano.
A preocupante produção de caminhões soma 123.917 unidades no acumulado, queda de 39,4% em relação ao ano passado (204.610 unidades). Ao isolar o mês de novembro, a queda foi de 6,8% sobre outubro, de 12.685 unidades para 11.822. Na comparação com novembro de 2011, a queda é de 38,8% - foram 19.307 unidades produzidas em novembro do ano passado.
O setor de caminhões foi o que mais sofreu neste ano. No entanto, o presidente da Anfavea afirma que já começa a ser sentida a recuperação do mercado.
A produção de ônibus foi a única que subiu em novembro. Ao todo, foram fabricadas 4.215 unidades, contra 4.098 em outubro. Mesmo assim, volume 8,1% menor sobre novembro de 2011 (4.585 ônibus). No acumulado, a produção soma 34.231 unidades, 23,4% inferior as 44.703 unidades fabricadas no mesmo período do ano passado.
CKD e exportações
Calculado à parte, o volume de veículos desmontados que saiu das montadoras em novembro para outros países, o chamado CKD, soma 1.835 unidades, sendo 1.200 automóveis e comerciais leves. No mesmo mês do ano passado foram 1.706. O ano acumula de janeiro s novembro 26.995 unidades exportadas em CKD. Em 2011, foram 25.394 no período.
As exportações em unidades – que incluem CKD e veículos montados – somaram no mês 36.536 unidades – retração de 12,6% sobre outubro, com 41.797 unidades. No acumulado, as exportações fecham os 11 meses em baixa de 20,2%, com 400.881 veículos. No mesmo período do ano passado foram 502.279 unidades.
As exportações em valores também caíram e incluem ainda máquinas agrícolas. Em novembro foram vendidos no exterior US$ 1,23 bilhão em produtos, volume 10,2% menor do que outubro (US$ 1,37 bilhão). No entanto, sobre novembro do ano passado (US$ 1,47 bilhão), o resultado mostra queda de 15,9%. No acumulado, a retração de valor exportado é de 8,2%, de US$ 14,88 bilhões em 2011, para US$ 13,66 bilhões neste ano.
Importação
No mês, dos 311.772 veículos emplacados no Brasil, 19,4% ou 60.392 unidades vieram de outros países. No mês anterior, a participação era de 18,1% e, em setembro, de 18,9%, o que mostra certa estabilidade, mesmo com o IPI para carros maior. O segmento de automóveis e comerciais leves somou no mês 60.137 importados, queda de 2% sobre outubro e de 26,9% sobre novembro do ano passado.
Ao considerar as importações acumuladas de automóveis e comerciais leves, há queda de 5,8% no período, de 760.131 unidades para 715.210 neste ano.
Emprego
A indústria automobilística nacional fechou novembro com 150.127 pessoas contratadas diretamente e, praticamente, manteve o nível de outubro, com alta de 0,4%. Em relação a novembro do ano passado, houve aumento de 3.3% das contratações.
Projeções refeitas
Faltando apenas um mês para fechar o ano, a Anfavea afirma que 2012 vai acabar com alta de 3,8% nos emplacamentos de veículos, de 3,63 milhões para 3,81 milhões. Já as exportações devem cair 21,3%, de 533 mil unidades para 435 mil. No caso de valores exportados, o que inclui máquinas agrícolas, haverá alta de 8%, de US$ 16,2 bilhões para US$ 14,9 bilhões. Assim, a produção deverá chegar a 3,36 milhões de unidades neste ano, queda de 1,5% sobre as 3,4 milhões de unidades do ano passado.
Com base nessas projeções, a Anfavea acredita que em 2013 a indústria automobilística nacional terá crescimento entre 3,5% e 4,5% nas vendas de veículos, entre 3,94 milhões e 3,98 milhões de unidades. Por outro lado, as exportações terão queda mais acentuada, de 4,6%, para 415 mil unidades. Em valores, as vendas externas devem continuar as mesmas, no patamar de US$ 14,9 bilhões.
Então, a produção deve se recuperar e subir 4,5% para 3,51 milhões de unidades. "A expectativa é de crescimento do PIB brasileiro e alinhamos com isso. A renda real do brasileiro aumentou, os juros poderão cair ainda mais, há crédito. Tudo é favorável", ressalta Belini.
Ainda sobre as expectativas, Belini acredita na recuperação do segmento de caminhões, na queda da participação dos importados com o novo regime automotivo (conjunto de regras do governo federal para ofercer incentivo fiscal a montadoras) e na recomposição dos estoques, que devem começar baixos em 2013 pela antecipação de compra em dezembro (ainda com desconto de IPI).
O presidente da Anfavea descarta problemas de capacidade ociosa futuramente - quando a demanda por veículos novos se estabilizar-, já que todas as montadoras trabalham hoje no limite. "Ociosidade só se entrarmos em recessão, porque o mercado brasileiro tem demanda para 5 milhões a 6 milhões de automóveis e veículos leves.