A Polícia Civil indiciou quatro torcedores do Grêmio por injúria racial no inquérito sobre insultos ao goleiro Aranha durante partida contra o Santos, pela Copa do Brasil, no dia 28 de agosto. Na ocasião, eles foram flagrados ao gritar ofensas de cunho racista ao jogador da defesa adversária. Os documentos serão remetidos à Justiça nesta terça-feira (30).
Conforme o delegado regional de Porto Alegre, Cleber Ferreira, sete pessoas foram identificadas cometendo supostas injúrias contra o goleiro do Santos, porém, quatro foram indiciados. Entre eles está Patrícia Moreira, a jovem que foi flagrada por câmeras de TV gritando a palavra "macaco".
Além de Patrícia, estão nos documentos os nomes de Éder Braga, que é negro, Rodrigo Rychter e Fernando Ascal. Outros dois torcedores também aparecem durante as gravações, mas a perícia ainda não comprovou que eles praticaram algum ato criminoso. Fernando Ascal ainda foi indiciado por furtar o boné de um segurança da Arena.
O advogado de defesa de Patrícia, Alexandre Rossato, afirmou que a decisão já era esperada. “Vamos trabalhar e esperar judicializar o processo para preparar a defesa dela”, afirmou. O G1 tentou contato com a jovem, mas não obteve retorno.
Com o inquérito concluído, ele é encaminhado à Justiça, que o remete ao Ministério Público. Caso o MP denuncie os indiciados, eles serão julgados pela Justiça.
"Inicialmente a equipe da delegacia buscou imagens de vídeo e localizou as residências. E chamou eles. Só um deles, o Rodrigo Rychter, nega que proferiu as palavras", disse o delegado Cleber Ferreira.
Os torcedores foram identificados através de análise das imagens das câmeras de segurança do estádio e depoimentos. De acordo com a polícia, foram observadas mais de três horas de gravação. Fonoaudiólogas participaram para fazer a leitura labial e corporal dos gremistas.
"Além da palavra macaco, um dos torcedores falou a palavra 'preto'. Outros imitavam um macaco, outros tocavam na pele indicando a cor", afirmou a fonoaudióloga Débora Saltiel.
Ainda segundo o delegado Cleber Ferreira, as investigações vão continuar para tentar identificar os outros nomes. A pena para injúria racial é de um a três anos de reclusão, mas delegado afirma que a Justiça pode decidir, por exemplo, que os torcedores tenham de se apresentar em delegacias em horários de jogos.