Uma operação da Polícia Civil do Distrito Federal e de Goiás tem como alvos 33 suspeitos com a intenção de fraudar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), de acordo com os investigadores. Entre eles, 15 são de Brasília, e 18 de Goiânia. A Justiça autorizou, na manhã desta segunda-feira (30.10), buscas em 16 endereços ligados aos suspeitos, em cinco regiões do DF e em Goiânia, além do cumprimendo de cinco prisões preventivas, três temporárias (de 30 dias) e oito conduções coercitivas, para esclarecimentos na delegacia da capital federal.
Há buscas relacionadas a todos os alvos, incluindo um dos chefes do bando que fraudava provas e que é ex-funcionário do então Centro de Promoção e Seleção de Eventos (Cespe) – atual Cebraspe, segundo adiantou o "Bom dia Brasil", da TV Globo. Outro alvo da polícia é um aliciador, cuja função era se aproximar de concurseiros na porta de cursinhos, buscando encaminhá-los para os principais articuladores envolvidos no esquema.
Os investigadores afirmaram que o ex-funcionário teria movimentado mais de R$ 1 milhão em recebimento de propina de interessados em passar em vestibulares e concursos, apenas em 2016. O valor do pagamento variava entre R$ 5 mil e R$ 20 mil de entrada. Com a aprovação do candidato, a propina podia render até R$ 100 mil ao grupo, sendo que a quantia dependia da remuneração prevista no edital. A investigação indica que mais de cem pessoas possam ter se beneficiado da fraude, em todo o país.
Quando esse suspeito foi intimado a depor, em Goiânia, em março deste ano, a polícia estava começando a desmontar o esquema. Na época, ele foi demitido. Sua responsabilidade era a digitalização das provas e das folhas de respostas. Segundo os investigadores, é possível que ele estivesse participando do grupo criminoso desde 2013.
Os suspeitos vão responder por formação de organização criminosa, fraude a certame licitatório, falsidade ideológica e, em alguns casos, lavagem de dinheiro. Até a conclusão da reportagem, o Cebraspe e o Ministério da Educação não haviam respondido.
Embora eles tenham começado a atuar em parceria com Hélio Garcia Ortiz, apontado pelos investigadores como o chefe do grupo, decidiram atuar sozinhos. Ortiz, por sua vez, foi preso em agosto deste ano, sob a suspeita de integrar a "Máfia dos Concursos". No entanto, não foi a primeira vez que ele foi responsabilizado pelo crime. Em 2005, Ortiz foi detido pela Deco na Operação Gallieu.
O filho dele, Bruno de Castro Garcia Ortiz, foi preso há dois meses, assim como outros integrantes, como Rafael Rodrigues da Silva Matias e Johann Gutemberg dos Santos, sendo que este foi solto por determinação judicial e responde ao processo em liberdade.
A investigação é a segunda fase da operação Panoptes, deflagrada pela Divisão Especial de Combate ao Crime Organizado (Deco), da Policia Civil do DF. No Distrito Federal, a ação ocorre nas seguintes regiões: Recanto das Emas, Sudoeste, Vicente Pires, Guará e Águas Claras. Já na capital goiana, é coordenada pela Delegacia Estadual de Repressão a Crimes contra a Administração Pública (Dercap), onde a polícia investiga fraude em concurso para delegado.