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Nacional Segunda-feira, 05 de Junho de 2017, 08:26 - A | A

Segunda-feira, 05 de Junho de 2017, 08h:26 - A | A

GASTOS

Na pior crise hídrica da história do DF, residência oficial de Temer dobra consumo de água

R7.com

 

O consumo de água no Palácio do Jaburu mais do que dobrou nos primeiros quatro meses deste ano, em comparação com o mesmo período de 2016.

O local é a residência oficial da Vice-Presidência da República e tem sido ocupado por Michel Temer (PMDB), mesmo após o impeachment de Dilma Rousseff (PT) em agosto.

Em fevereiro, o presidente chegou a passar 11 dias no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República, mas a família decidiu retornar ao Jaburu.

Desde a o começo do ano, o Distrito Federal está em situação de emergência e correndo risco de ficar sem água devido ao baixo volume de chuvas que fez com que os reservatórios chegassem aos menores níveis da história.

Dados obtidos pelo R7 por meio da Lei de Acesso à Informação mostram que de janeiro a abril de 2016, o Jaburu consumiu 784 m³ de água, ou 784 mil litros.

No mesmo período deste ano, a residência oficial gastou 1.660 m³ (1,66 milhão de litros). Para efeito de comparação, o R7 solicitou ao Senado Federal dados referentes ao consumo de água nos apartamentos funcionais onde moram alguns senadores.

No mês de abril, um dos blocos com 24 apartamentos consumiu 462 mil litros, enquanto o Jaburu sozinho teve gasto de 498 mil litros.

O vídeo de uma campanha do Governo de Brasília publicado nas redes sociais informa que um morador da cidade usa, em média, 160 litros de água por dia, enquanto o recomendado pela ONU (Organização das Nações Unidas) é de 110 litros/dia.

Mantendo a ideia de 160 litros/dia por pessoa, a quantidade de água usada no Jaburu em abril é suficiente para abastecer 100 pessoas.

O gasto diário do palácio em abril foi de 16,6 mil litros, em média. Uma família brasileira com quatro pessoas gasta, em média, 740 litros de água por dia, segundo dados da ONU.

"Há um grave risco de faltar água no período de seca", diz uma representante da Caesb (Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal), no mesmo vídeo divulgado pelo governo.

O período de seca no Centro-Oeste começou em abril e vai até o início da primavera. Os reservatórios que abastecem Brasília estão operando nos menores níveis já registrados.

Racionamento de água no DF gera transtornos nas casas e até na saúde pública

O presidente da Caesb, Maurício Luduvice, disse em artigo publicado no começo deste ano, que "a luz amarela para consequências da crise hídrica acendeu em agosto passado e, imediatamente, o governo passou a adotar as medidas necessárias".

"Ao todo, foram editadas oito resoluções pela Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal com restrições de uso de água, veiculadas cinco campanhas educativas, além de publicação de dicas para um consumo consciente", acrescentou.

Mesmo após a luz amarela acender, o gasto de água no Jaburu se manteve alto. A residência oficial teve uma média de 335 mil litros de água usados mensalmente entre setembro e dezembro.

Moradores das regiões administrativas do DF (antigas cidades satélites) enfrentam desde 16 de janeiro um dia de interrupção do fornecimento de água por semana, seguido de dois dias de volume reduzido.

Essas medidas demoraram pouco mais de um mês para chegar ao Plano Piloto, onde localizam-se as residências oficiais, ministérios e todo o aparato governamental. A Esplanada dos Ministérios e os palácios, no entanto, ficaram de fora do racionamento. O presidente da Caesb explicou ao R7 o motivo da exclusão.

— É importante dizer que essa região [Esplanada dos Ministérios e palácios] tem consumo relativamente pequeno, e de onde toda a população brasileira depende do bom funcionamento dos órgãos. Mesmo assim estamos reduzindo o abastecimento. Os anexos [dos ministérios] estão passando por rodízio. Esses órgãos estão fazendo esforço e reduzindo consumo. Há a questão técnica também por esta ser a área mais antiga de Brasília [a alteração no abastecimento poderia causar danos às tubulações].

Valores

A conta de água e esgoto do Palácio do Jaburu, que tem 4.283 m² de área, já chegou a R$ 18.589,20 em junho de 2016, quando foram usados 840 mil litros.

A mulher de Temer, Marcela, e o filho pequeno do casal se mudaram para a residência oficial em julho do ano passado. A sogra do presidente, Norma Tedeschi, também passou a viver no local naquela época.

A União desembolsou entre janeiro e abril R$ 24.372,48 com o serviço de água e esgoto para a residência do presidente.

Outro dado que chama atenção quando comparados os gastos do Jaburu com os apartamentos funcionais do Senado é o valor desembolsado.

Um bloco de 24 apartamentos consumiu em março 341 m³ de água e a fatura foi de R$ 2.934,50. No mesmo mês, o Jaburu teve gasto de 321 m³, mas a conta foi de R$ 5.004,12.

Os órgãos enviaram à reportagem o valor total das faturas, que inclui fornecimento de água e coleta de esgoto.

De acordo com a Caesb, "a tarifa de esgotos é calculada com base na cobrança de água, podendo ser cobrados valores correspondentes a 60% (condomínios) ou 100% (convencional) do valor da água, sendo o percentual definido de acordo com o sistema de esgotos utilizado no imóvel".

A reportagem também solicitou dados do consumo de água do Palácio da Alvorada, onde Dilma Rousseff morou até o começo de setembro de 2016.

Com um terreno duas vezes maior que o do Jaburu e com um prédio de 7.000 m², a residência da Presidência da República chegou a consumir até dez vezes mais água do que o palácio da Vice-Presidência.

Outro lado

Aos questionamentos da reportagem sobre o Jaburu, a Secretaria de Comunicação explicou que o uso do palácio mudou, já que neste ano a família do presidente passou a morar lá, com aumento de servidores e seguranças. Esclareceu ainda que o palácio tem 4.283 m² de área construída em um terreno de 190.000 m², e que precisa, portanto, da manutenção da área verde, projetada pelo paisagista Roberto Burle Marx.

Leia abaixo a íntegra das respostas da Presidência:

R7- Qual é o motivo do aumento do consumo de água no Jaburu?

Não é possível fazer a comparação do consumo de água, no período sugerido, uma vez que a natureza da ocupação do Palácio do Jaburu mudou entre os primeiros quatro meses deste ano com o igual período de 2016.

Entre janeiro e abril do ano passado, o local era moradia apenas do vice-presidente da República, com um aparato de segurança e servidores.

Já no primeiro quadrimestre de 2017, o Jaburu passou a ser moradia do presidente da República e de toda a sua família, razão pela qual houve um aumento do aparato de segurança e do número de servidores que prestam apoio no local.

R7- Foi adotada alguma medida para estimular a economia no palácio desde o início da crise hídrica?

Com o objetivo de racionalização e redução do consumo de água, a Vice-Presidência da República realizou a manutenção do sistema de drenagem, recirculação e tratamento das piscinas, bem como, manutenção do sistema de água aquecida. Estão sendo realizados estudos para melhoria do sistema de jardinagem.

R7- A reportagem constatou que o gasto do Palácio do Jaburu em um mês é suficiente para abastecer 100 pessoas (com consumo médio de 160 litros/dia/pessoa). Quantas pessoas residem naquele local?

Atualmente, além da família do Presidente da República, trabalham no local prestadores de serviços, servidores e seguranças, em diferentes escalas de serviço, que se revezam diuturnamente na residência oficial. Destaca-se que o Palácio Jaburu tem 4.283 m² de área construída dentro de um terreno de 190.000 m², necessitando, portanto, além da conservação da edificação, da adequada manutenção da área verde do Palácio, que é projeto desenvolvido pelo mundialmente conhecido paisagista Roberto Burle Marx.

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