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Nacional Quarta-feira, 09 de Janeiro de 2013, 08:25 - A | A

Quarta-feira, 09 de Janeiro de 2013, 08h:25 - A | A

Goiás

Médico elogia avó que gerou netas gêmeas

G1.com

 

O médico que realizou o parto da dona de casa Maria da Glória, de 52 anos, - que emprestou o útero para gerar as netas gêmeas - elogiou a iniciativa da avó. “Devemos tirar o chapéu”, declarou o obstetra Pedro Sebastião Rodrigues. As gêmeas nasceram na noite de segunda-feira (7) em um hospital de Goiânia.

“Quase ninguém faz isso. Acho interessante, sobretudo nas circunstâncias dessa família, que a mãe biológica não tem útero. Mostra uma valorização da família, demonstra apreço da Maria da Glória pela família”, disse o obstetra em entrevista ao G1 por telefone.

Mãe biológica das meninas, a funcionária pública Fernanda Medeiros, de 34 anos, contou que na primeira noite no hospital, após o nascimento, não dormiu: “Passei a noite inteira acordada. Qualquer suspiro mais forte delas eu pulava para ver o que era. Estou muito feliz”.

Maria da Glória deve receber alta nesta quarta-feira (9), segundo informou o médico. A data da alta das gêmeas ainda não confirmada.

Parto

A cirurgia cesariana ocorreu bem e as gêmeas, que nasceram na 36ª semana de gestação, não precisaram ficar internadas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O parto estava previsto para acontecer no final desta semana, quando Maria da Glória completaria 37 semanas de gravidez. A família é de Santa Helena de Goiás, mas já estava em Goiânia aguardando pelo nascimento das gêmeas.

A cesariana, no entanto, foi antecipada porque, segundo o obstetra Pedro Sebastião, o líquido da bolsa de uma das gêmeas começou a diminuir. De acordo com ele, elas estavam em placentas diferentes.

A notícia do nascimento pegou de surpresa toda a família, que havia ido ao hospital para uma consulta de rotina. "É uma felicidade que não tem tamanho", descreveu Fernanda, emocionada, enquanto a mãe estava na sala de cirurgia.

De pé do lado de fora do centro cirúrgico, ela não conseguia disfarçar a ansiedade. "Meus Deus, meu coração está quase parando de bater. Se nasce um bebê, nasce uma mãe. Hoje eu estou nascendo", disse a funcionária pública, em meio a lágrimas, enquanto esperava o nascimento das filhas gêmeas.

Registro Civil

Fernanda reclama não conseguiu autorização da Justiça para que ela e o marido, pais biológicos das gêmeas, possam registrá-las em seus nomes. A advogada da família, Léa Carvalho, explicou que o Ministério Público (MP) deu parecer favorável ao pedido. “O MP autorizou que a unidade hospitalar que fizer o parto emita a declaração de Nascido Vivo no nome dos pais biológicos. Agora, falta a decisão do juiz de Santa Helena”, explicou.

No entanto, a família reclama que não havia juiz na cidade para dar o parecer. Sem a autorização, a declaração de Nascido Vivo será registrada no nome da mãe de Fernanda, dificultando assim que os pais biológicos registrem as crianças. A advogada explica que, sem os documentos no nome dos pais, as gêmeas não podem ser incluídas no plano de saúde.

A assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de Goiás informou ao G1 que a presidência do Tribunal designou um juiz para responder por Santa Helena de Goiás e que nesta terça-feira (8) ele já estaria a serviço no fórum da cidade. A família espera uma decisão favorável da Justiça ainda antes da alta de Maria da Glória.

A reportagem tentou entrar em contato com juiz para saber qual a possibilidade da decisão sair ainda na terça-feira, mas ninguém atendeu no fórum da cidade.

Retirada do útero

Fernanda descobriu que não poderia ter filhos aos 13 anos. A servidora nasceu com deficiência uterina e, segundo ela, precisou retirar o órgão após a primeira menstruação, quando teve cólicas tão fortes que a levaram para o hospital.

Ela se casou aos 20 anos e tentou adotar uma criança, mas não conseguiu. Em 2005, a servidora pública viu na TV a história de uma sogra que gerou o neto para a nora. “Minha mãe e minha sogra se ofereceram para gerar meu filho. Fomos ao médico, eu e minha mãe, mas o doutor disse que seria muito arriscado por causa da idade dela. Então, não deu certo”, lembra a funcionária pública, que na época também não tinha condições financeiras para bancar o procedimento.

Mesmo diante da tentativa frustrada, Fernanda não desistiu e, no início de 2011, voltou ao médico. Maria da Glória foi submetida a exames que revelaram a ótima saúde para gerar os bebês. “A primeira tentativa para a fertilização fracassou porque não ovulei muito. Mas na segunda vez ovulei bem e separamos quatro embriões bons. Dois usamos e os outros dois estão congelados”, revela Fernanda.

 

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