Em 29 de setembro de 1992, o Brasil vivia um momento histórico. Apenas 3 anos após o país sediar a primeira eleição direta do período pós-ditadura militar, a Câmara dos Deputados aprovava o processo de impeachment que resultou na saída do então presidente Fernando Collor de Mello do poder.
Eleito com 35 milhões de votos, Collor assumiu a presidência em 15 de março de 1990, e foi exatamente neste ano que as denúncias contra o tesoureio de sua campanha, Paulo César Farias, começaram a surgir. PC Farias, como ficou conhecido, era acusado de pedir dinheiro para empresários em troca de vantagens no governo.
Foi uma reportagem da revista Veja que escancarou o escândalo. O irmão de Collor, Pedro, disse à publicação na época que PC Farias era "testa-de-ferro" do então presidente e que Collor estava ciente de todas as atividades de seu tesoureiro. A acusação foi negada, mas mesmo assim uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi instaurada para investigar o caso.
Logo depois, mais uma reportagem, agora publicada pela revista Istoé, trazia declarações do motorista de Collor, Eriberto França. Ele acusava PC Farias de arcar com despesas particulares de Collor.
Apesar de negar todas as acusações, a CPI concluiu que Collor foi de fato beneficiado pelo esquema de PC Farias e, logo depois, a Câmara aprovou o pedido de impeachment. Com 441 votos a favor e 38 contra, o processo foi aprovado.
Em dezembro de 1992, Collor anunciou oficialmente sua saída da presidência, como forma de escapar da possível inelegibilidade de oito anos, o que mais tarde provou ser um erro pois o Congresso considerou que o ele deveria perder seus direitos políticos. O vice Itamar Franco acabou assumindo a Presidência do país e deixou governo em 1995, quando Fernando Henrique Cardoso foi eleito.
Caras-Pintadas
Em meio ao escândalo, o então presidente pediu ao povo brasileiro que lhe apoiasse durante o momento difícil e fosse para às ruas com o rostos pintados de amarelo. O tiro saiu pela culatra e o movimento virou um protesto contra ele, os manifestantes saíram com o rostos pintados de preto pedindo a saída de Collor da Presidência.