A presidente Dilma Rousseff tenta pôr fim a gargalos históricos em setores estratégicos para o crescimento do país e está prestes a superar uma marca do antecessor. O ex-presidente Lula criou em dois mandatos, entre 2003 e 2010, seis empresas públicas. Até o fim do ano, Dilma deverá criar mais três estatais, somando em apenas dois anos no governo sete inauguradas, uma média de uma a cada 100 dias.
Lula deu prioridade à criação de empresas voltadas ao social. Com um perfil gerencial, Dilma tem focado a área de infraestrutura. Estão em fase de conclusão a Pré-sal S.A., que terá o decreto publicado nos próximos dias, a Autoridade de Gestão Portuária, e a Embrapii.
Em comum, os dois presidentes fracassaram em algumas propostas. Lula apostou num banco popular para facilitar o acesso das pessoas mais pobres, mas a instituição era inviável e foi integrada ao Banco do Brasil.
Dilma, por sua vez, criou a Empresa do Legado Esportivo, que foi fechada antes mesmo de abrir as portas, mas consumiu R$ 5 milhões em estudo. Houve ainda a criação em agosto da Etav (Empresa de Transporte Ferroviário de Alta Velocidade), para administrar o trem-bala, mas um mês depois ela foi integrada à estrutura da superestatal EPL (Empresa de Planejamento e Logística), que cuidará de ferrovias, aeroportos e rodovias.
Medo da privatização
As estatais criadas recentemente buscam parcerias para atrair o investimento privado. “Por uma questão política, a privatização é um tabu. Então, o governo chama o setor privado para dividir a responsabilidade por décadas em função de um fracasso dos investimentos federais”, avalia o diretor da ONG Contas Abertas, Gil Castelo Branco.
Dilma prefere usar a expressão ‘concessão à iniciativa privada’ e, sempre que pode, tenta justificar. “Nós aqui não estamos desfazendo do patrimônio público para acumular caixa ou reduzir dívida”, diz.