Índios da aldeia Kamayurá, no centro da reserva indígena no norte de Mato Grosso afirmam a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves levou a filha adotiva, Kajutiti Lulu Kamayurá, de 20 anos, sem o consentimento da tribo.
De acordo com reportagem divulgada nesta quinta-feira (31.01), pela revista Época, de circulação nacional, a adoção da menina que Damares se refere como filha nunca foi formalizada legalmente.
“A condição em que a menina, então com 6 anos de idade, foi retirada da aldeia é motivo de polêmica entre os índios”, diz trecho da reportagem.
“Lulu nasceu em 20 de maio de 1998, segundo seu registro. ÉPOCA foi ao Xingu ouvir dos kamayurás a história da menina que foi criada pela avó paterna, Tanumakaru, uma senhora de pele craquelada, cega de um olho. Eles afirmam que Damares levou a menina irregularmente da tribo. Alguns detalhes se perdem na memória dos índios, mas há um fio condutor que une o relato de todos eles. Lulu deixou a aldeia sob pretexto de fazer um tratamento dentário na cidade e nunca mais voltou. Contam que Damares e Márcia Suzuki, amiga e braço direito da ministra, se apresentaram como missionárias na aldeia. Disseram-se preocupadas com a saúde bucal da menina”.
Ainda segundo a Época, a ministra Damares Alves procurou a revista quando a reportagem ainda estava no Xingu. “Disse que estava “à disposição para responder às perguntas (...) sobre nossas crianças, sobre minha filha e sobre as famílias”. “Não temos nada a esconder. Mas insisto: tratem tudo com o olhar especial para estes povos, para as mães e crianças que sofrem”, afirmou, via WhatsApp”.
Contudo, segundo a publicação, em Brasília, ela se recusou a dar entrevista e respondeu apenas parcialmente a 14 questionamentos da revista.
“Todos os direitos de Lulu Kamayurá foram observados. Nenhuma lei foi violada. A família biológica dela a visita regularmente. Tios, primos e irmãos que saíram com ela da aldeia residem em Brasília. Todos mantêm uma excelente relação afetiva.”
Conforme a reportagem, “perguntamos por que Damares não devolveu a criança à aldeia após o tratamento. “Lulu Kamayurá já retornou à aldeia. Ela deixou o local com a família e jamais perdeu contato com seus parentes biológicos.” A questão sobre não ter adotado formalmente Lulu foi ignorada.