Integrantes da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar invadiram nesta terça-feira (19) o prédio Ministério da Fazenda em protesto por melhorias para o meio rural, como a implantação de programas de incentivo para mulheres e jovens do campo e garantia de água para consumo e produção de alimentos. Eles quebraram vidros do térreo, subiram em vários andares e colocaram faixas.
Um grupo ocupava a entrada do prédio no início da manhã. A entrada dos servidores foi impedida. Equipes do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar acompanharam o protesto. A estimativa da corporação era de que h ouvesse 500 pessoas no local.
O grupo pedia reforma agrária e queria ser recebido pela presidente Dilma Rousseff. Até as 10h não havia registro de confronto. Quando o ministro Joaquim Levy chegou, manifestantes tentaram impedir o acesso dele ao ministério.
O coordenador da federação, Marcos Rochinski, afirmou que o prédio só seria desocupado depois que houvesse alguma resposta ou negociação com o governo. "Ontem nós queríamos chamar a atenção para a nossa pauta. Estamos negociando há vários dias e não temos encontrado respostas do governo em questão orçamentária."
"O Ministério da Fazenda é o centro de tudo isso. Desde a semana passada temos a expectativa de sermos recebidos pela presidente, mas a agenda tem sido prorrogada e sem nenhuma posição mais concreta, então vamos forçar essa negociação com o governo", completou.
A secretária-geral da federação, Josana Lima, estima que 1,5 mil agricultores estejam ocupando todos os andares do prédio. O coordenador de Juventude do movimento, Alri Junior, disse que o ato é uma forma de dar um recado para o governo federal. "Esse corte fiscal baixar pode atingir a agricultura familiar, que precisa permanecer no campo para produzir cada vez mais alimentos para esse país (sic)", declarou.
Segundo ele, os trabalhadores que ocuparam o prédio não têm a intenção de depredar o patrimônio. "Não estamos aqui para depredar o patrimônio público. Queremos zelar pelos direitos dos trabalhadores", afirmou.
Funcionário do ministério, o garçom Rafael Alves contou que chegou para trabalhar às 6h30 e se surpreendeu com a invasão. "Quando cheguei, o prédio estava invadido. Quebraram o vidro da entrada com uma marreta, uma zona."
Ele afirmou que os funcionários não foram avisados da ocupação. "Chegamos aqui e fomos pegos de surpresa. Estamos aguardando [do lado de] fora para ver o que vai acontecer.”
Protesto anterior
A atividade integra a 11ª Jornada de Lutas, que termina na quarta. O grupo é o mesmo que bloqueou por quatro horas as BRs 020, 060 e 080 nesta segunda (18). Eles queimaram pneus para impedir a passagem de veículos e interditaram os dois sentidos das rodovias, que dão acesso a Brasília.
Na BR-020, na altura de Formosa (GO), o congestionamento chegou a cinco quilômetros nesta segunda (18). Havia cem pessoas no protesto, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal. A corporação não tinha dados sobre a lentidão e a quantidade de participantes nos outros pontos de bloqueio.