A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quarta-feira (12) que o Brasil foi "objeto de olhares extremamente arrogantes" e que agora vive uma "extraordinária aventura". A presidente participou do Seminário Empresarial: "Desafios e Oportunidades de uma Parceria Estratégica", em Paris.
"Olho de forma extremamente amigável essa parceria com a França. Nós fomos ao longo do tempo objeto de olhares extremamente arrogantes. Não estou dizendo isso dos franceses. Nós fomos um país colonizado, aprendemos ao longo da nossa história que as nossas relações só são profícuas. Agora, nós queremos ganhos reais para os nossos parceiros franceses. Queremos que eles compartilhem dessa nossa extraordinária aventura", afirmou.
De acordo com Dilma, existe um grande potencial que pode ser desenvolvido entre os dois países. "O fórum econômico que eu e o presidente Hollande lançamos oferece um novo impulso a essa cooperação... Não só nos vamos refletir sobre a crise, mas também vamos buscar propor as novas oportunidades que essa própria crise nos abre. Nós temos de ter a certeza de que a cooperação é um dos mecanismos pelos quais sairemos da crise, maior cooperação econômica, maior comércio, maior aproveitamento de nossas oportunidades de investimento", afirmou.
A presidente também afirmou que o Brasil precisa investir em ferrovia.
“Além da China, somos um dos países que mais terão que investir em ferrovia. Não podemos nos dar o luxo de transportar apenas de avião”, disse
Nesta terça-feira, Dilma afirmou na França que o ajuste fiscal promovido pelos países europeus para tentar conter os efeitos da crise internacional pode comprometer a União Europeia e a zona do euro. Na avaliação de Dilma, a estratégia econômica pode afetar o modelo de Estado de bem-estar social implantado em diversos países europeus após a 2ª Guerra Mundial.
“Passamos (países da América Latina) por um grave ajuste fiscal durante duas décadas. Sabemos que o corte (de gastos) radical compromete o futuro de nossa gente. Aqui (na Europa) o corte tem afetado os pilares do estado social. Isso tem afetado igualmente uma das maiores obras do mundo, que foi a criação da União Europeia e da zona do euro”, discursou a presidente, durante a abertura do Fórum pelo Progresso Social, evento organizado pelo Instituto Lula e pela fundação francesa Jean Jaurès, em Paris.
O evento contou também com as participações do presidente da França, François Hollande, e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Anfitrião do encontro, Hollande fez o discurso de abertura do fórum.
Em sua manifestação, a chefe de Estado brasileira analisou o impacto da crise econômica internacional sobre os países europeus e o Brasil. Na avaliação de Dilma, as nações atingidas pela instabilidade econômica mundial tem de buscar um equilíbrio entre medidas de austeridade e de incentivo ao crescimento econômico.
“Superamos a visão incorreta que contrapõe, de um lado, as medidas de incentivo ao crescimento e, de outro, os planos de austeridade. Esse é um falso dilema. A responsabilidade fiscal é tão necessária quanto são imprescindíveis medidas de estímulo ao crescimento, pois a consolidação fiscal só é sustentável em um contexto de recuperação da atividade econômica”, observou a presidente.
Em discurso afinado com o presidente francês, Dilma defendeu que os governantes mundiais procurem conciliar crescimento econômico e geração de emprego como alternativas para combater a crise.
“É preciso muita cooperação e diálogo e que se assuma um compromisso com o crescimento, o emprego, a justiça social e o meio ambiente, para que se possa criar um caminho sustentável para a saída da crise”, disse.
"Quando estamos falando da crise, nós não estamos falando de algo que nós não conhecemos. Nós conhecemos e bem. É óbvio que ela assume características diferenciadas, mas o receituário parece-se muito, o da austeridade, é muito similar. O meu país vem fazendo sua parte nesse espfrço de reotmar o crescimento, não só na nossa zona."
Dilma ainda apoiou a sugestão de Hollande para a criação de um conselho de segurança econômica e social, nos moldes do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU). A presidente enfatizou, diante de Hollande e Lula, que a recessão e a desordem fiscal podem ter consequências sociais e políticas graves, como a descrença na política, o abandono da democracia, a xenofobia e o desespero pela falta de futuro.