A coreógrafa Deborah Colker considera a abordagem da tripulação da Gol "totalmente deselegante e despreparada" no episódio em que a presença de seu neto – que tem uma doença de pele chamada epidermólise bolhosa – foi questionada em um voo da companhia aérea da Bahia para o Rio de Janeiro.
Segundo Deborah, a tripulação exigiu, de forma grosseira, que a família apresentasse um atestado médico para permitir que a criança de 3 anos permanecesse no avião, na segunda-feira (19). "No check-in a gente já tinha dito que ele tinha essa doença, que não era contagiosa. E mesmo assim, depois de ter ficado na sala de espera, de ter entrado no avião, começou essa abordagem na frente do Theo, na frente de todo mundo, de uma maneira completamente deselegante, despreparada", disse Deborah Colker, em entrevista à GloboNews.
"O Theo já viajou muito de avião, o mundo inteiro... Já viajei com ele para os EUA, para o Chile... O Theo tem um pai baiano, uma irmã baiana. Eu nunca vi uma coisa igual", completou ela, acrescentando que, na sexta-feira (16), a viagem da criança do Rio para Salvador não teve nenhum problema do tipo. "É um absurdo".
A Gol se manifestou, ainda na segunda-feira (19), sobre o caso em nota: "A GOL preza pelo respeito aos clientes e as normas de segurança. Em relação ao voo G3 1556 (Salvador/BA - Rio de Janeiro / RJ), esclarece que está analisando o ocorrido e tomará as medidas cabíveis.".
Epidermólise bolhosa - De acordo com a médica Valéria Petri, professora do Departamento de Dermatologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a epidermólise bolhosa é uma doença genética rara em que, devido à falta de adesão entre as células da epiderme, qualquer traumatismo – ainda que leve – pode levar ao descolamento da pele.
“A epidermólise bolhosa não é uma doença infectocontagiosa. Os pacientes podem viver uma vida livre e feliz e frequentar ambientes públicos normalmente. É profundamente lamentável que isso tenha acontecido”, diz a dermatologista, referindo-se à situação vivida pela família de Deborah Colker.
Ela sugere que, para evitar constrangimentos como esse, os pacientes levem consigo uma declaração médica de que a doença não traz absolutamente nenhum risco de contágio. “O mesmo problema acontece com pacientes de psoríase e vitiligo, que também não são doenças contagiosas, mas passam por situações parecidas.”