O deputado Alexandre Frota (SP), expulso do PSL na terça-feira, chamou o presidente Jair Bolsonaro de "idiota ingrato que nada sabe" e afirmou que o ocupante do Palácio do Planalto "se mostra, muitas vezes, infantil". As declarações foram concedidas em entrevista ao jornal "Folha de S. Paulo" e publicadas nesta sexta-feira, três dias depois de a sigla decidir desligá-lo por uma série de críticas públicas ao presidente.
— Bolsonaro não é burro, senão ele não chegaria onde chegou, mas é um idiota ingrato que nada sabe. Aquela cadeira de presidente ficou grande para ele e ele se lambuzou com o mel da Presidência. Bolsonaro se mostra, muitas vezes, infantil. Ele não está preparado para o cargo para o qual foi eleito, para o qual eu, infelizmente, ajudei a elegê-lo — disse o parlamentar ao jornal, acrescentando que o presidente é "inseguro, medroso e caricato" e acredita "nas próprias fantasias".
Ainda entre os ataques direcionados a Bolsonaro, Frota incluiu uma comparação entre a própria atuação em filmes pornográficos e a carreira do presidente no Exército.
— Bolsonaro não foi ninguém no Exército, saiu expurgado de lá, não foi brilhante, ou estou errado? Não estou. Eu, como ator pornô, dei mais certo do que ele no Exército. Bolsonaro está fazendo parte de uma matilha cultural e social de extrema-direita, que assim como a esquerda, que durante muito tempo trabalhou isso, acham que vão dominar o país — criticou o deputado.
Após a ruptura da filiação, Frota está inclinado a aceitar o convite para fazer parte do PSDB (que se soma a outras seis legendas interessadas nele, segundo a "Folha": DEM, PP, MDB, Podemos, PSD e PRB). Ele associou a expulsão a uma "carta de alforria" e à própria "libertação da ditadura bolsonarista".
À publicação, Frota sustentou que Bolsonaro pediu ao presidente do PSL, o deputado Luciano Bivar (PSL-PE), para que a expulsão ocorresse — o líder do partido, segundo Frota, teria ficado "entre a cruz e a espada". Os motivos teriam sido as alfinetadas às ações do governo, reiteradas na entrevista. Para ele, faltam propostas e existem apenas "insights".
— A impressão que eu tenho é que o Bolsonaro não saiu da campanha. Ele acha que o Palácio (do Planalto) é um palco. Ele tem que levantar as mãos para o céu por ele ainda ter do lado dele o Paulo Guedes, o Sergio Moro. Mas o castelinho de areia uma hora vai ruir e ele vai ficar perdido como um cachorrinho vira-lata numa montanha de lixo — declarou Frota. Alexandre Frota: das novelas à Câmara dos Deputados
INSATISFEITOS
Para Frota, há outros filiados ao PSL que, como ele, existem "vários" insatisfeitos com o governo. Apesar disso, ele pontuou que "ninguém tem coragem de meter a cara" e "muita gente não tem coragem de falar". Não houve menções a nomes de quadros do partido nesse contexto. Foram citados apenas aliados de Bolsonaro como o pastor Magno Malta, o ex-ministro Gustavo Bebianno e o deputado Julian Lemos, que Frota acredita terem sido "deixados para trás".
Nas projeções para o próprio futuro na política, Frota disse que irá votar as pautas do governo pensando no "bem do Brasil". Ele também disse que não pretende disputar as prefeituras de São Paulo ou do Rio de Janeiro e declarou que apoiava, no PSL, a candidatura da deputada Joice Halssemann para a administração da capital paulista. De acordo com ele, a ideia encontra resistência no deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, que defende a candidatura do apresentador José Luiz Datena, da TV Band.