O senador Fernando Collor (PTB-AL) apresentou ao relator da CPI do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), um ofício pedindo a inclusão do presidente do Conselho de Administração da Editora Abril, Roberto Civita, no rol de indiciados de seu relatório final pela prática do crime de formação de quadrilha. Collor também pede o indiciamento de outros cinco jornalistas da revista Veja por envolvimento com a organização criminosa comandada por Carlos Augusto Ramos.
Procuradores - No mesmo documento, o senador solicita que o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) investigue a subprocuradora-geral da República Cláudia Sampaio Marques, mulher do procurador-geral Roberto Gurgel. O relator já havia pedido ao órgão a investigação contra Gurgel, o que causou grande polêmica entre os integrantes da comissão.
De acordo com Fernando Collor, a participação de Cláudia Sampaio no “engavetamento do inquérito da Operação Vegas da Polícia Federal é inequívoca”. Ainda segundo ele, “restou comprovado que a subprocuradora mentiu à imprensa” ao declarar que a paralisação das investigações se deu em comum acordo com o delegado da Polícia Federal responsável pelo caso.
O senador acusa também os procuradores Alexandre Camanho de Assis, Daniel Resende Salgado e Lea Batista de Oliveira de terem vazado informações dos inquéritos das operações Vegas e Monte Carlo à revista Veja.
O pedido foi anunciado pelo senador Fernando Collor nesta segunda-feira (26), durante pronunciamento em que também informou que pretende apresentar emendas à PEC que consta no relatório da CPMI, para prever a presença no Conselho Nacionais de Justiça (CNJ) e no CNMP de dois representantes da Defensoria Pública, o que em sua opinião garantiria maior equilíbrio representativo nas instituições.
Polêmica - O indiciamento de jornalistas e o pedido de investigação ao CNMP contra Roberto Gurgel foram dois dos pontos polêmicos do relatório do deputado Odair Cunha (PT-MG), cuja leitura já foi adiada duas vezes. Na primeira, integrantes da CPI alegaram que o prazo entre a entrega e a leitura do texto deveria ser de pelo menos 24 horas. O segundo adiamento ocorreu a pedido do próprio relator, que disse precisar de mais tempo “dialogar com seus pares” a fim de conseguir um relatório que agradasse à maioria na comissão.
O documento deve ser apresentado nesta quarta-feira (28) pela manhã, mas ainda não deve ser votado. Isto porque já há pedido de vista coletivo apresentado na comissão, o que implicará a abertura de prazo de cinco dias úteis para apreciação da matéria.
O relator Odair Cunha pediu o indiciamento de 34 pessoas, incluindo Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e Fernando Cavendish, dono da construtora Delta, além da responsabilização de 12 pessoas que têm foro privilegiado, incluindo o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Os trabalhos da CPI têm encerramento previsto para 22 de dezembro.