O assistente de acusação no júri popular sobre o desaparecimento e morte de Eliza Samudio, Cidnei Karpinski, que é advogado do pai da jovem, disse, na manhã desta quarta-feira (21), que existe a possibilidade de haver um plano para que o réu Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, assuma toda a culpa pelo assassinato de Eliza, para que o goleiro Bruno seja inocentado. "Não se surpreendam se esse réu [Macarrão] também assumir toda a culpa, tirando das costas do Bruno".
Em entrevista à Globonews, Karpinski comentou o que chamou de "manobra" da defesa de Bruno. O fato, porém, não tem a confirmação da defesa de Macarrão. Ele ainda criticou a estratégia de defesa dos advogados de Bruno. "Pra nós, é lastimável a conduta, embora seja legal, é totalmente antiética, da defesa, porque vem tentar aproveitar-se de uma questão legal para que o réu não seja submetido a um conselho de sentença feminino [o corpo de jurados tem seis mulheres e um homem]. Ficou evidente isso".
Karpinski, que é advogado do pai de Eliza Samudio, falou sobre como se sente seu cliente em relação ao processo. "Seu Luiz está bastante abatido. Diga-se de passagem, seu Luiz foi a pessoa que criou Eliza Samudio desde pequena. Esse contato maior foi com o pai e com a madrasta. Ele está bastante chateado. Ele sente, e também em razão de não poder estar presente, toda a situação. Mas como pai tem sentido muito. Temos feito contato com ele através do nosso escritório, em Foz do Iguaçu, e isso tem o tem deixado bastante angustiado", contou.
O goleiro constituiu um novo advogado nesta quarta, Lucio Adolfo Silva, e, com isso, teve o júri desmembrado de demais réus, e será julgado em março de 2013. O novo defensor assume a liderança da defesa do atleta, no lugar de Francisco Simim.
Novo defensor
O advogado Francisco Simim, que defende o goleiro Bruno no processo do desaparecimento e morte de Eliza Samudio, será substituído por Lucio Adolfo da Silva. A substituição foi aceita pela juíza Marixa Fabiane Rodrigues nesta quarta-feira (21), terceiro dia do júri popular, em Contagem. Segundo Simim, a mudança, que implicou no adiamento do júri do goleiro, foi uma estratégia. “É estratégia sim, porque a gente precisava de mais tempo para estudar o processo”, disse o advogado.
De acordo com Simim, o desmembramento valeu para “ganhar prazo, porque tem um habeas corpus para ser julgado”, se referindo ao pedido de soltura impetrado pela defesa do goleiro no Supremo Tribunal Federal (STF), e ainda não julgado. Segundo o advogado, o novo defensor será o único representante de Bruno no plenário, a partir de hoje. Mas, nos bastidores, Simim disse que toda a equipe continua trabalhando pela defesa do goleiro.
Lucio Adolfo, disse em entrevista, na porta do fórum de Contagem, que não conhece nada das 15 mil páginas que integram o processo, e que o prazo era necessário para a leitura dos autos. “Fui chamado para participar da defesa do Bruno hoje. Não conhecia o processo. Pedi à juíza um prazo para que eu pudesse analisar a matéria junto com o doutor Tiago Lenoir e o doutor Francisco Simim. E vamos fazer isso”.
O novo advogado contradisse Simim, ao afirmar que a substituição não é uma estratégia da defesa. "Absolutamente. Não é uma estratégia, é uma necessidade". E disse ainda que a juíza foi "muito compreensiva" ao lhe conceder o prazo de dois meses para a leitura do processo. "Vou me debruçar sobre o proceso. (...) O prazo é bom. Não é manobra. Não vou forçar um adiamento", completou.
Desmembramento
O julgamento do goleiro Bruno Fernandes foi desmembrado e adiado para março de 2013, segundo decisão da juíza Marixa Fabiane, anunciada nesta quarta-feira (21), no Fórum de Contagem, em Minas Gerais. O goleiro foi retirado do plenário para ser levado novamente para a penitenciária Nelson Hungria.
O adiamento foi concedido pela juíza a pedido da defesa de Bruno. O advogado Francisco Simim, que defendia o goleiro, apresentou um documento transferindo seus poderes a outro advogado, Lúcio Adolfo. Chamado de substabelecimento sem reserva de poderes, o documento pediu a substituição de Simim por Adolfo, que alegou não conhecer o processo para pedir o adiamento.
É a segunda tentativa de adiamento de Bruno, que na terça-feira (20) pediu a destituição de seus advogados Rui Pimenta e Francisco Simim. Na terça, juíza Marixa Fabiane aceitou o pedido de destituição de Pimenta, após o jogador alegar que não se sentia seguro para continuar com ele, e negou o de Simim.
Segundo o promotor Henry Castro, o atual defensor do goleiro, Simim, apresentou nesta quarta-feira um documento chamado substabelecimento pedindo sua substituição por Silva, dando poderes ao novo advogado. O promotor afirmou que o pedido é uma "manobra" da defesa para adiar o julgamento.
A juíza afirmou que "não obstante haver claras evidências de manobra, por outro lado também é verdade que o documento que foi apresentado a mim foi de substabelecimento", justificando sua decisão. "Estou acolhendo o pedido da defesa para conceder ao advogado prazo para o conhecimento do processo", disse ela.
O promotor afirmou que os advogados de Bruno atentam "contra quem quer trabalhar". O Código Penal, lembrado por ele, prevê multa de dez a 100 salários mínimos por abandono de processo que não for por motivo imperioso.
O julgamento continua para dois outros réus no processo: Luiz Henrique Romão, o Macarrão, e Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do goleiro.
Destituição
O goleiro argumentou, na terça-feira (20), que pediu a destituição de Simim por ele representar sua ex-mulher, Dayanne Rodrigues, ré na ação. A magistrada entendeu que o goleiro pretendia adiar seu julgamento e negou a solicitação, mas Bruno negou esse objetivo e alegou que não queria prejudicar a defesa de Dayanne.
O promotor do caso pediu para que Dayanne, que responde à ação em liberdade, tivesse mais tempo para ser defendida por outro advogado. Bruno, réu preso, tem preferência de julgamento. A juíza seguiu este entendimento e determinou que Dayanne seja julgada em outra data, possivelmente junto com Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que conseguiu o desmembramento do júri.