A deputada Erika Hilton (PSOL) reclamou sobre a postura de seus companheiros parlamentares da oposição que defendem a revogação da prisão preventiva do deputado Chiquinho Brazão (sem partido), acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, mortos em março de 2018.
A fala da líder do PSOL na Câmara aconteceu nessa quarta-feira (10.04), durante a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) que analisa a prisão do deputado no dia 24 de março. O caso seria analisado na primeira sessão após a operação da Polícia Federal, entretanto, um pedido de vista adiou a votação.
Parlamentares da oposição, e até alguns nomes do Centrão, classificaram a prisão de Brazão como ilegal, uma vez que a imunidade parlamentar só permitiria a medida para crimes inafiançáveis e no caso do deputado carioca, a prisão aconteceu por crime de obstrução à Justiça.
A ativista afirmou que nenhum malabarismo retórico será aceito para encobrir o que precisa ser decidido e muito menos citar outros nomes para tentar fazer comparações, pois o caso se trata de um deputado com fortes influências na política e está envolvido com as milícias do Rio de Janeiro.
“Nenhum malabarismo retórico será capaz de encobertar aquilo que o Judiciário brasileiro, a Polícia Federal, a PGR (Procuradoria Geral da República), a primeira turma do Supremo Tribunal Federal (STF) vem colocando e precisa ser decidido nesta Casa. Não adianta tentar trazer outros casos para colocar em comparação”, disse Erika Hilton antes de completar: "Citaram aqui, por exemplo, a deputada Flordelis, eu não me lembro nos autos do processo da deputada Flordelis, ela está envolvida em obstrução à Justiça. Nós estamos falando de um deputado poderoso, com fortes influências na política, no Judiciário, envolvido com as milícias do Rio de Janeiro, que está diretamente envolvido num crime que está sem resposta há seis anos. Não é possível que o Parlamento brasileiro se comporte a encobertar. Não é possível que tragam para si esse constrangimento e passem à sociedade brasileira uma resposta de que o crime compensa”.
Erika afirmou que ninguém é favorável com a liberdade de um miliciano e que, caso seja comprovado o envolvimento no assassinato de Marielle e Anderson, tanto com a milícia, Brazão precisa ser punido.
“Ninguém está sendo favorável com a liberdade de miliciano que, inclusive, caso seja comprovado seu envolvimento, tanto com a milícia, quanto com o assassinato, deve ser punido. Mas que haja o respeito com o rito processual e ao devido processo legal. O Supremo Tribunal Federal já avançou o sinal vermelho por muitas vezes”, afirmou.
A prisão de Chiquinho Brazão precisa ser aprovada pela maioria absoluta da Câmera, ou seja, 257 deputados. Entre os malabarismos feitos pela defesa do parlamentar a fim de não ser preso, foi dito que não consta no inquérito da Polícia Federal o auto de flagrante de delito, sendo assim, a prisão seria ilegal.
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