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Esportes Segunda-feira, 13 de Março de 2023, 10:10 - A | A

Segunda-feira, 13 de Março de 2023, 10h:10 - A | A

esports

Pioneirismo gamer: escola tem aula de esports

Colégio incluiu esports como eletiva de Educação Física a partir deste ano letivo

ge

A evolução e profissionalização acelerada dos esportes eletrônicos tem surtido efeito em várias áreas e na educação não poderia ser diferente. Diante do cenário atual, uma escola no Rio de Janeiro implementou os esports como disciplina eletiva na Educação Física e já tem percebido o efeito positivo entre os estudantes. O ge foi conhecer esse projeto pioneiro no cenário da educação brasileira.

A inserção dos esportes eletrônicos na grade do Centro Educacional Rosa Chamma (CERC), só foi possível após uma atualização na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Com isso, a categoria pode ser ministrada como eletiva. O coordenador de Educação Física do CERC detalhou o processo.

- A ideia surge com a percepção do crescimento dos esports. A diretoria do colégio já havia me questionado como coordenador, mas na época, ainda com o formato antigo do Ensino Médio, não havia um encaixe pedagógico para os esports. No entanto, agora o conteúdo de Educação Física na BNCC tem os esports como parte dele. Esse é o primeiro ponto importante. O segundo é que a Educação Física sofreu mudanças com o novo Ensino Médio, passando a ter uma carga horária menor, no entanto na área de linguagens há a possibilidade de criar projetos chamados "eletivas" ou "itinerários". Isso viabilizou pedagogicamente a entrada dos esports. E aí vimos que era a hora de fazer essa inclusão em 2023. - relatou o coordenador.

Apresentada aos alunos do 6º ano do Ensino Fundamental até os do 3º ano do Ensino Médio, a disciplina que está disponível entre outros esportes, teve uma adesão surpreendente: os responsáveis pelo CERC receberam mais de 30 alunos na primeira aula e já projetam a possibilidade de ampliar as turmas. Hoje são dois tempos semanais.

A sala de aula dos esports conta com dois consoles PlayStation 4, mas diante do sucesso deste início de trabalho, o colégio já prevê a compra de mais aparelhos. A instituição conta com quatro unidades e duas delas, na Vila da Penha, Zona Norte do Rio, possuem a estrutura para o ensino dos esportes eletrônicos.

Thiago Mansur, autor de recriações de gols históricos da Copa do Mundo é o professor responsável pelas aulas e explicou como será o cronograma do primeiro ano letivo da nova disciplina.

- É tudo inédito, muito novo, então não temos um modelo a seguir. Está sendo muito bacana. Tivemos 33 pessoas na primeira aula, muitos curiosos, querendo conhecer a respeito e permaneceram cerca de 20 alunos. Foi muito legal ver homem, mulher, mais novos, mais velhos, extrovertidos e introvertidos, todo mundo participando. A princípio, se permanecermos com esse número, serão dois tempos na semana, caso ultrapasse, abriremos novas turmas e eu acho que vai passar. Vamos tentar variar os modos de jogo. Esporte, luta, FPS, para tentar agradar o máximo de pessoas e dar uma passada geral por todos os métodos, focando mais na aula prática. Nesse primeiro bimestre estamos trabalhando o FIFA, até quem não gosta, vai aprender a jogar o básico; No segundo, Fortnite e no terceiro trabalharemos um game de luta. Os detalhes estão sendo acertados, mas é certo que será uma categoria de games por bimestre para tentar abranger todos os gostos. - explicou.

Mansur estudou no CERC e foi o principal nome quando surgiu a possibilidade de incluir a nova disciplina na grade. Formado em direito e pós-graduado em Gestão de Futebol pela CBF Academy, "Mansurtado" começou a jogar Counter Strike ainda adolescente e se destacava nas antigas "lan houses". Sempre jogou FIFA e durante a pandemia começou a assessorar conhecidos em busca de objetivos no jogo, além de produzir lives.

-Fizemos contato com o Thiago Mansur, por saber que ele tem essa prática direta e seria a pessoa mais indicada para começar o projeto com a gente - informou Daniel Leão, coordenador de Educação Física do CERC.

A inserção dos esportes eletrônicos no meio esportivo ainda gera tabu. Recentemente, a atual ministra dos esportes, Ana Moser, declarou que os esports não são esportes e não teriam investimento do Governo Federal. Na área de educação a introdução também não deverá ser tão fácil, mas Daniel não se mostra preocupado com as possíveis críticas e tem resposta para qualquer dúvida que ponha em cheque a importância da modalidade.

- Não há essa preocupação (com a crítica), pois se ela vier, temos todos os argumentos para mostrar que a entrada dos esports na escola só trará benefícios. Ela não entra para substituir a Educação Física, é uma eletiva onde os alunos optam por fazer e que contribui para a formação cidadã deles, apesar de não ter a parte do exercício físico. E o CERC sempre foi uma escola inovadora. Lá atrás nós fomos os primeiros a colocar a Educação Física como disciplina de preparação para o ENEM, pois caem questões sobre. Entendemos que há o preconceito, mas a gente não está incentivando o sedentarismo, uma vez que o aluno poderá escolher mais dois esportes e todos eles têm a prática do exercício físico. Esse é o primeiro ponto e o segundo é que o que vai ser trabalhado serão os benefícios do esporte, principalmente competitivo, para a formação cidadã e não incentivo para que fique no vídeo game. É uma orientação ao nosso instrutor, o Thiago Mansur, para que ele faça com os alunos um trabalho de entendimento, de que se ele for se dedicar, terá que organizar seu tempo para estudar, praticar exercício e também para treinar, caso queira se tornar um competidor - destacou Leão.

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