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Esportes Terça-feira, 18 de Dezembro de 2012, 13:58 - A | A

Terça-feira, 18 de Dezembro de 2012, 13h:58 - A | A

Pelos critérios do Barça, 'Edmundo da Zâmbia' supera recorde de Messi

Chitalu chegou a 106 gols em 1972 levando em conta jogos oficiais por clube e seleção

Globoesporte.com

O livro dos recordes pode ter optado por Lionel Messi, e a Fifa, ficado em cima do muro. Mas, se os registros levantados pela Federação de Futebol da Zâmbia (FAZ) estiverem realmente corretos, o maior artilheiro em um ano na história do futebol é mesmo Godfrey Chitalu, polêmico ex-atacante zambiano - comparado até a Edmundo pelo pesquisador que estudou sua carreira. Seguindo o critério adotado pelo Barcelona e pela imprensa europeia, "Ucar" bate o craque argentino com folga: 106 gols em partidas oficiais em 1972, contra 90, até o momento, do camisa 10 do Barça em 2012. A soma leva em conta jogos por seleções (incluindo amistosos) e por clubes (somente campeonatos).

O levantamento de Chitalu, chamado de "Ucar" no seu país, foi feito pelo historiador zambiano Jerry Muchimba. Após cinco anos coletando registros de jornais locais da época e outras fontes históricas, ele diz ter conseguido catalogar todos os gols marcados pelo jogador, que atuava no Kabwe Warriors quando estabeleceu o recorde. Assim que Messi bateu o recorde de Gerd Müller (85 em 1972, por Alemanha e Bayern de Munique), a FAZ alegou que Chitalu tinha feito 107 em 1972. Mas a conta incluía amistosos pelo clube e partidas festivas, além de excluir nove gols marcados na Liga dos Campeões da África. Usando os mesmos critérios do Barça, o GLOBOESPORTE.COM chegou ao número final do zambiano: 106 entre janeiro e dezembro (clique aqui e baixe a lista completa de gols de Chitalu em 1972 e de Messi em 2012).

Foi muito difícil registrar todos os gols, porque nossa federação não tinha registros, e algumas edições de jornais não foram encontradas. Além disso, algumas crônicas não diziam quem havia feito os gols. Tive de ter paciência e procurar por outras fontes de informação. O importante é que, no fim, consegui achar todos os gols, assim como todas as partidas em que ele atuou – contou Muchimba, em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM.

Pelo critério do Barça e da imprensa europeia para determinar o recorde de Messi (assim como o de Gerd Müller antes), os gols computados para o argentino em 2012 são aqueles que ele anotou em jogos da Copa do Rei, da Liga dos Campeões, do Campeonato Espanhol, da Supercopa da Espanha e dos amistosos e partidas das eliminatórias da Copa do Mundo de 2014 pela seleção argentina. Ficam fora cinco gols de amistosos na pré-temporada do Barcelona: três contra o Raja Casablanca (goleada de 8 a 0, em 28 de julho), um contra o Paris Saint-Germain (2 a 2, em 4 de agosto) e um contra o Dínamo Bucareste (vitória de 2 a 0, em 11 de agosto).

No total, o argentino atuou, até aqui, 68 vezes, entre jogos oficiais do Barça e partidas com a camisa da Argentina. Chitalu, entretanto, entrou em campo apenas 50 vezes em 1972 (pelo Kabwe Warriors e Zâmbia), de acordo com a pesquisa de Muchimba. Por outro lado, "Ucar" teve a seu favor duas competições a mais: além da Castle Cup, principal copa da Zâmbia (como se fosse a Copa do Brasil ou Copa do Rei), havia a Challenge Cup, equivalente à "Copa da Liga" de países como Alemanha e Inglaterra, e a Chibuku Cup, outro torneio de mata-mata no país.

Por fim, também era realizada a Charity Chield, disputada nos mesmos moldes da Supercopa da Espanha (vencedor da Castle Cup contra o campeão nacional). Em 1972, ano do recorde de Chitalu, o time do artilheiro levou para casa todos estes troféus. Ele marcou ainda pelo Campeonato Zambiano, pela Liga dos Campeões da África e também com a camisa da seleção nas eliminatórias para a Copa de 1974.

Outro fator que pode ser levado em conta, embora não tire o mérito de Chitalu, é o fato de que, na época do artilheiro, o futebol na Zâmbia não era bem estruturado e o nível técnico era muito abaixo do que Messi encontra pela frente atualmente.

- Naquela época, os clubes eram semiprofissionais. Os jogadores tinham empregos e só iam para os treinos após saírem do trabalho. O próprio Chitalu trabalhava para a empresa Zambia Railways, patrocinadora do Kabwe Warriors. A liga principal era chamada Divisão I, e existia também a Divisão II. Depois disso, havia um grande número de ligas amadoras em diversas províncias. Nos anos 70, a liga tinha 14 times na elite - explicou o historiador.

Apesar disso, Muchimba não crê que a marca de Chitalu deve ser relativizada em relação à de Messi, alcançada nos principais campeonatos do mundo na atualidade.

- Os registros estão aí para provar o recorde de Chitalu. O fato de que há uma foto dele segurando uma bola com seu nome e a inscrição “107” mostra que não é uma história fabricada – argumentou.

A imagem citada pelo pesquisador foi a primeira coisa que chamou a atenção do mundo para Chitalu. Entretanto, nem o número registrado na foto é o correto. Na conta inicial, não são incluídos outros nove gols feitos pelo jogador no início daquele ano, pela Liga dos Campeões da África, o que elevaria o total para 116 tentos, incluindo amistosos.

- Acredito que estes gols não foram levados em conta porque a temporada na Zâmbia começa em março, e os jogos foram realizados em janeiro. Em um jornal local, eu vi uma explicação dizendo que os gols de Chitalu contra o Majantja, pela primeira fase da Liga dos Campeões, não foram considerados porque o jogo foi disputado do início da temporada. Isso, obviamente, estava errado. Os gols deveriam ser incluídos – explicou Muchimba.

‘Edmundo’ da Zâmbia

Ao contrário de Messi, conhecido como exemplo de profissional e pouco afeito a polêmicas, Chitalu era uma espécie de “bad boy” na Zâmbia. Ao mesmo tempo em que era elogiado pela capacidade de balançar as redes adversárias, era criticado pela falta de esforço e não costumava levar desaforo para casa. Perguntado se Chitalu seria uma espécie de Balotelli dos anos 70, Jerry Muchimba preferiu fazer uma comparação com Edmundo, ex-atacante brasileiro.

- Eu acho que Edmundo era similar a Chitalu. Controverso, mas brilhante como jogador. O italiano Paolo di Canio também era parecido. Balotelli não: ele faz coisas loucas, mas na maioria das vezes decepciona em campo. A habilidade de Chitalu nunca foi questionada, e ele era muito popular com os torcedores.

Chitalu é o maior nome do futebol da Zâmbia. Em 1968, ele já havia marcado 81 gols pelo Kitwe United, antes de rumar para o Kabwe Warriors, onde estabeleceria o recorde quatro anos depois. Ao longo de sua carreira, ele foi eleito cinco vezes o melhor jogador de seu país e, quando se aposentou, em 1982, recebeu da Fifa um prêmio especial por tudo que alcançou em campo.

Ao deixar os gramados, o ex-atacante ainda virou treinador, comandando o Kabwe Warriors, antes de chegar à seleção da Zâmbia em 1993, quando morreu em um acidente de avião, aos 45 anos, que também provocou o falecimento de todo o elenco da equipe na época.

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