A música de introdução dos atletas na arena dava o tom do que o brasileiro queria: "Don't stop til you get enough" ("Não pare até você conseguir o bastante"), de Michael Jackson. O capixaba Esquiva Falcão queria mais que o bronze: queria o ouro. E ele vai disputá-lo, após derrotar o britânico Anthony Ogogo por 16 a 9 na semifinal do torneio peso-médio (até 75kg) das Olimpíadas de Londres 2012, nesta sexta-feira. É a primeira vez que um pugilista brasileiro chega a uma final olímpica.
O filho de Touro Moreno, lenda do boxe brasileiro, vai disputar o ouro inédito para o Brasil no sábado, às 17h45m (horário de Brasília), contra Ryota Murata, do Japão, segundo cabeça de chave do torneio e atual vice-campeão mundial.
- Entrei para a história, mas quero garantir o ouro. Vim confiante em conseguir o ouro. Está dando tudo certo. Estamos todos entrando na história, não só eu que luto, mas toda a equipe - comemorou Esquiva após a vitória, em entrevista ao SporTV.
De vermelho, Ogogo começou atacando, tomando o centro do ringue e golpeando, apoiado pela torcida britânica, que berrava e batia palmas. O capixaba se esquivava e foi para o clinche algumas vezes para esfriar o ânimo do adversário. Ogogo também forçava a luta agarrada e o brasileiro abria os braços para reclamar. Na segunda metade do primeiro round, Esquiva soltou mais o jogo, mas o britânico mostrava boa defesa. Ao final do assalto, empate em 3 a 3.
O técnico João Carlos Barros pediu para o brasileiro soltar o gancho com a direita e o cruzado de esquerda. Ele escutou. Ogogo continuou no centro, andando para frente, mas Esquiva mostrava boa movimentação, saindo do raio de ação do rival, e deixava seus golpes. O britânico enfim foi avisado pelo árbitro central para deixar a luta correr e parar com os clinches. No minuto final, Esquiva acertou uma boa sequência, e terminou o assalto pressionando. Um gancho entrou e Ogogo sentiu. O capixaba fez 6 a 3 e abriu 9 a 6 no combate. A classificação à final estava próxima.
A luta mal começou e Esquiva acertou um golpe de esquerda que levou Ogogo à lona. O árbitro abriu contagem protetora. Sentindo o bom momento, o capixaba partiu com tudo para cima e derrubou o adversário novamente. Outra contagem e o britânico passou a se defender mais. Na segunda metade, o combate pegou fogo. Esquiva queria a definição e Ogogo precisava correr atrás. O capixaba baixou a guarda e voltou a controlar a luta na movimentação. Com 11s, Ogogo se desequilibrou e quase caiu novamente. Ao soar do gongo, parecia claro que a vitória seria brasileira. O anúncio oficial foi feito poucos segundos depois: 7 a 3 no último assalto, 16 a 9 para Esquiva Falcão no total.
- É muita felicidade. No segundo round, eu botei três pontos acima, no terceiro round a plateia já estava toda do meu lado e a energia do Brasil veio toda comigo. Aquele golpe (que derrubou o britânico) surgiu da energia dos brasileiros todos. Eu sabia desde o início que aqui eles estavam gritando por ele, mas tinha muito mais gente no Brasil na minha torcida - afirmou o capixaba.
O finalista lembrou da promessa feita ao pai de que traria uma medalha, e avisou que ela seria de ouro. Imaginou o velho Adegar Falcão, o Touro Moreno, e sua mãe pulando "igual pipoca na panela". No Brasil, Adegar não continha as lágrimas ao comentar seu orgulho.
- Eu já estou muito feliz com essa vitória. Com o bronze, eu já estava feliz demais. Esse menino é especial, foi Deus que mandou para mim. Acredito no ouro do meu filho - disse ao SporTV.
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