Horas antes de a bola rolar no Pacaembu, cerca de 2 mil de ituanos se juntaram para enviar forças ao atletas do Galo na final do Paulistão, a quase 100 km de distância, direto do estádio Novelli Júnior, em Itu.
Os olhos ligados no telão mais tarde se encheriam de lágrimas. Choro acompanhado de sorriso e gritos de bicampeão. Desta vez, com um gosto de calar mais de 30 mil santistas. Prazer conhecido por quem este ano impediu a classificação do Corinthians, vencendo o São Paulo no Morumbi, e por quem parou o embalo do Palmeiras, grande favorito na semifinal.
A vantagem obtida pela vitória por 1 a 0 no primeiro jogo ampliou a confiança rubronegra. Nem mesmo o gol sofrido calou os ituanos, que continuaram a incentivar a equipe como se os 11 comandados de Doriva estivessem no gramado logo à frente de seus assentos
Na decisão por pênaltis, prolongada pelas cobranças alternadas, inversões instantâneas de emoções, até que a defesa decisiva de Vagner estabilizou a expressão nos rostos da torcida rubronegra.
A euforia provocou um barulho que agitou a tranquila Itu, sem atenuar por toda a noite. O coro foi reforçado por aqueles que assistiram de casa ou até mesmo in loco na capital paulista e foram para o Novelli Júnior gritar "É Campeão". Neste momento, cerca de 6 mil pessoas já tomavam as arquibancadas e o entorno do estádio de Itu.
O telão, que antes exibia o último jogo do campeão Ituano no Paulistão, passou mostrar os vídeos que motivaram os atletas antes de cada partida decisiva na competição. A trilha sonora foi comandada pelo guitarrista Luizinho, com uma versão solo do hino do clube: "Pode o mundo se acabar... Não há ninguém como tu, Galo rubronegro de Itu". Não há nenhum time como o Ituano. Único time do interior bicampeão do Paulistão.
O jogo havia acabado, mas as arquibancadas ficavam mais cheias a cada minuto, com os torcedores na expectativa da chegada do ônibus que trazia os campeões.
Diante de milhares de pessoas vestidas de vermelho e preto, chegaram os protagonistas da festa: Vagner, Dick, Alemão, Anderson Salles, Dener, Josa, Jackson Caucaia, Paulinho, Cristian, Rafael Silva, Esquerdinha, Marcinho, Paulo Victor... Elenco orientados pelo técnico revelação do campeonato: Doriva, escolhido pelo amigo e gestor do clube, Juninho Paulista.
- O Ituano fez jus à fama de grande da cidade. Trouxemos a taça e os quatro mil torcedores que nos apoiaram no Pacaembu para deixar a festa ainda maior - disse o goleiro Vagner, na chegada ao Novelli Júnior.
Para compartilhar o sentimento de felicidade, os jogadores subiram no alambrado e trocaram abraços com os torcedores do outro lado grade. A partir daí não havia mais setores para torcida, diretoria, comissão técnica e atletas. O verde do gramado foi pintado de vermelho e preto com milhares de pessoas trajadas com a camisa do clube invadindo as quatro linhas. O ápice da comemoração em Itu.
Entre jogadores assediados, o nome mais exaltado foi o do comandante Doriva, o primeiro a se pronunciar no local.
– Itu e o Ituano mereciam isso. Estão todos de parabéns. Desfrutem do momento – deu o recado o treinador.
– Em nome da família Ituano, venho parabenizar os guerreiros que buscaram esse título para a cidade de Itu. Este título é de todos – declarou o capitão Josa.
Rejeitando ser chamado de zebra, os ituanos reforçavam nos discursos o quanto foi trabalhado para chegar à conquista.
– Não é fácil formar um grupo de homens que defendam a camisa de forma tão exemplar quanto esses atletas. Desde o início eles honraram a camisa – disse Juninho Paulista, até ser interrompido pelos jogadores, que o carregaram e o jogaram para o alto.
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