A Polícia Federal de Mato Grosso (PF), em entrevista coletiva concedida na tarde desta sexta-feira (19.10), confirmou que os títulos de eleitores e cédulas de identidade (RGs) encontrados em Várzea Grande são falsificados, mas ainda, não apontou o uso dos documentos nas eleições do município.
A PF tem um total de 98 documentos de identidade e 27 títulos apreendidos, porém, a quantidade pode ser bem maior, a começar por outro lote de documentos também apreendidos em Várzea Grande e que por enquanto estão em poder da 58ª Zona Eleitoral, e que devem ser encaminhados para a Polícia Federal.
O delegado Cristiano Nascimento, informou que o fato de a maioria dos documentos estar faltando às assinaturas dos supostos titulares, as plastificações e fotos (no caso dos RGs) não deixa dúvidas de que os documentos não foram utilizados durante a votação de 7 de outubro. “A Justiça Eleitoral não permite que o eleitor utilize documentos sem fotos ou sem assinaturas. Qualquer ocorrência desse tipo seria percebida pelos mesários que por sua vez comunicariam ao juízo eleitoral”, enfatizou o delegado.
Os documentos de identidade encontrados pelos policiais federais estavam incompletos faltando às fotos e assinaturas enquanto que dos 27 títulos encontrados, somente 7 estavam assinados e plastificados. Apesar das investigações estar no início e sem previsão para conclusão, tudo indica que a eleição em Várzea Grande não será suspensa, embora essa decisão seja de competência da Justiça Eleitoral que deverá decidir após ter acesso ao resultado final das investigações.
De acordo com o delegado, é provável que as falsificações dos documentos tenham ocorrido antes do pleito eleitoral no município. “Acreditamos que foram falsificados antes, mas os falsários não tenham conseguido encontrar pessoas com coragem para usar os documentos falsos durante a votação do 1º turno”, explicou Nascimento.
Ele disse ainda, que não acredita na possibilidade de descarte dos RGs, títulos e comprovantes de votação terem sido jogados com a intenção de levantar dúvidas sobre o resultado das eleições e assim provocar um possível cancelamento das eleições na cidade.
Até agora cinco pessoas já registraram queixa na Polícia Federal denunciando que quando foram votar alguém já havia votado no lugar delas. Todas elas votam na 58ª Zona Eleitoral de Várzea Grande e procuraram a PF no dia do pleito eleitoral. Elas já foram ouvidas e o padrão caligráfico colhido para serem confrontados com as assinaturas de quem votou e assinou no caderno de votação.
Nascimento esclareceu que o nome de nenhum desses cinco eleitores apareceu entre os documentos descartados à beira de um córrego na região da Capela do Piçarrão na manhã de quinta-feira (18). A perícia técnica está analisando todos os documentos falsificados para só então ser possível saber se as cédulas utilizadas são originais ou não.
O delegado da Polícia Federal informou que não descarta a hipótese de vazamento das informações de algum órgão oficial da Justiça Eleitoral.
As investigações apontam a existência de pelo menos três crimes: falsificação de documento público, falsificação de documentos para fins eleitorais e uso de documentos falsos. A pena para todos os crimes é de no máximo 5 anos de reclusão. No decorrer das diligências, as equipes da PF vão tentar localizar as pessoas cujos nomes constam nos documentos descartados para saber se foram elas que votaram. Com informações Gazeta Digital.