Por se tratar de uma pesquisa estimulada Jaime Campos ainda mantém a maior intenção de votos. Como explicado no primeiro texto, ele é como um artista muito conhecido e pouco comprado – o Milton Nascimento da política várzea-grandense.

Já Wallace Guimarães é um nome relativamente conhecido e ao mesmo tempo inexpressivo. O Ibope apontou que ele tem rejeição de 13%, mesmo nível de rejeição alcançado por Jaime Campos.

A família Campos é tida pelo eleitor como aquela que nada fez por Várzea Grande. Dela vieram três prefeitos, dois governadores, um deputado federal e um senador que deixaram a cidade às moscas. Se Várzea Grande tivesse progredido no ritmo da família Campos seria uma cidade de primeiro mundo.

Sem ter participado do Poder Executivo municipal Wallace Guimarães tem a mesma rejeição dada ao representante de uma família que governou a cidade por décadas. Contudo, conta a favor do deputado esse mesmo fato de jamais ter participado do Poder Executivo municipal, em razão da natureza da eleição de 2012, que será de oposição. Explica-se.

O governo Murilo Domingos, e por associação o governo Tião da Zaeli, sofrem de uma rejeição muito expressiva. Essa rejeição indica que a eleição de 2012 será uma eleição de oposição – quando o candidato da oposição é de início, o franco favorito, por insatisfação do povo com o governo atual.

Wallace Guimarães, por mais que tenha se aproximado de Murilo Domingos por meio de sua esposa Jaqueline Guimarães, que participou do secretariado de Murilo, representa uma novidade pelo simples fato de jamais ter ocupado o cargo de prefeito. Mesmo que tenha havido proximidade com o governo Murilo Wallace representa oposição, o que é bom em uma eleição de oposição.

O inverso ocorre com Jaime Campos. A eleição é de oposição e Jaime Campos é a expressão máxima do continuísmo. Murilo foi eleito em rejeição aos Campos. Agora, rejeitar Murilo não significa aceitar os Campos. Rejeitar Murilo significa rejeitar ambos. Agora o eleitor conhece dois políticos que não podem governar a cidade.

E Tião da Zaeli, que surgiu com apenas 5% de intenções de voto e uma rejeição de 42% ao seu governo, como situá-lo nesse segundo cenário político desenhado pela pesquisa?

Zaeli perdeu o momento correto de decidir e deixou-se atrelar a Murilo Domingos a ponto de absorver grande parte da rejeição do ex-prefeito.

Se a eleição é de oposição, Zaeli era a oposição natural, bastava ter se decidido pelo distanciamento de Murilo Domingos logo que o ex-prefeito descumpriu o acordo de deixar-lhe o cargo por dois anos. Não o fez e agora suporta a rejeição que era só de Murilo Domingos. E como resolver tal situação e ganhar as eleições em 2012? Existem duas possibilidades: fazer o contrário de Murilo Domingos ou fazer o mesmo que Murilo Domingos.

Primeira possibilidade – Zaeli deve alardear aos quatro cantos os podres de Murilo Domingos e deixar evidente que é contra tudo que foi feito enquanto o ex-prefeito governava. Ou seja: transformar-se de fato em um candidato de oposição, coisa que ainda não fez.

Segunda possibilidade - arranjar outro Tião da Zaeli. Explica-se, novamente. Na última eleição Murilo Domingos não ganharia de ninguém. E o eleitor não queria a família Campos de forma alguma. Sabendo que perderia Murilo Domingos surgiu com Tião da Zaeli e uma promessa: eis um jovem administrador com experiência da iniciativa privada que governará o município por dois anos. Venceu a eleição, mesmo com uma rejeição de fazer inveja ao diabo.

Se o eleitor continua a não querer a família campos, pode ter chegado à vez de Zaeli fazer o que fez Murilo Domingos.