O aumento dos preços de alimentos e de habitação não deu trégua para o bolso do brasileiro ao longo de 2014 e contribuiu para que a inflação oficial do país, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acumulasse alta de 6,41%, a maior desde 2011.
Apesar do avanço em relação a 2013, quando a taxa chegou a 5,91%, a inflação ficou abaixo do teto da meta do Banco Central, de 6,5% ao ano.
Os números foram divulgados nesta sexta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A estimativa mais recente do mercado financeiro divulgada pelo boletim Focus aponta que o IPCA deveria ficar em 6,39% no ano passado. Já a previsão do BC era de uma taxa acumulada de 6,4%. A última previsão feita pelo Ministério da Fazenda foi de IPCA acima de 6,4%, "mas sem estourar meta".]
Em 2014, os gastos relativos à habitação subiram 8,80%, depois de avaçar 3,4% no ano anterior, influenciados pela energia elétrica, que ficou 17,06%, em média, mais cara. Em 2013, o valor da tarifa havia recuado 15,66%.
Apesar de não terem registrado a maior taxa entre os grupos de gastos analisados, os alimentos exerceram o maior impacto no IPCA, subindo 8,03%, um pouco abaixo do índice de 2013.
As carnes foram as grandes vilãs da inflação no ano passado, com alta de 22,21%. Outros alimentos subiram mais, no entanto, por terem peso menor no cálculo do IPCA, contribuíram menos com a alta. Esse é o caso do açaí (29,73%) e da cebola (23,61%). Comer fora de casa também ficou mais salgado para o brasileiro. Esse tipo de refeição sofreu aumento próximo de 10%.
Os preços relativos a educação também ficaram mais caros em 2014, avançando 8,45%, influenciados diretamente pela alta de 8,87% dos cursos regulares e de 8,09% dos cursos diversos, como idioma e informática.
Como a inflação se comportou em dezembro
Na comparação mensal, o IPCA passou de 0,51% em novembro para 0,78% em dezembro. As maiores influências para o aumento de preços no país partiram dos preços de transportes e de alimentos.
No caso dos transportes, cuja variação chegou a 1,38% - a maior entre os grupos de gastos analisados pelo IBGE - foi fortemente influenciada pelo preço das passagens de avião, que subiram 42,53% em dezembro, período de férias escolares e festas de fim de ano.
Salvador e Campo Grande viram as tarifas subirem mais do que em outros locais: 54,82%. Apesar desse resultado no último mês do ano, o aumento acumulado em 2014 foi de 7,79%.
Além das passagens, outras pressões partiram do etanol (1,31%), do automóvel novo (0,69%), do ônibus intermunicipal (0,64%) e da gasolina (0,61%).
Apesar de não terem registrado a maior alta de novembro para dezembro, os alimentos exerceram o maior impacto no IPCA mensal.
O avanço de 1,08% nos alimentos teve ajuda dos preços das carnes, que ficaram 3,73% mais caras, além da refeição fora de casa, cuja alta foi de 1,41%. A mistura mais tradicional da mesa do brasileiro também teve forte alta. Os feijões chegaram a subir 9,26%, em média, enquanto o arroz ficou mais caro em 1,81%.
Também mostraram expansão de novembro para dezembro os preços de vestuário, 0,85% e de despesas pessoais, 0,7%. Saúde e cuidados pessoais ficou em 0,47% e artigos de residência não registraram variação. Só subiram menos os preços relacionados à habitação (0,51%), educação (0,07%) e comunicação (0,00%).