Ilustrativa/VGN
O drama da mulher várzea-grandense em período menstrual que precisa driblar o problema da escassez de água
O problema caótico da falta de água nas residências de Várzea Grande, desde sempre enfrentadas pelos moradores do município, já não é surpresa para ninguém. No entanto, pouco se fala deste drama enfrentado pelas mulheres que vivem seus ciclos menstruais mês após mês, e não podem contar com o mínimo de água nas torneiras de suas casas.
O "estorvo" vai muito além dos que os olhos podem ver e os narizes podem sentir, são coisas que mexem e abalam o psicológico de uma mulher que já está passando por um período delicado, tendo que lidar com um "show" de hormônios e a escassez de água.
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O recurso mais utilizado pela maioria da população, principalmente a fatia populacional que tem menos recursos financeiros, que não pode "comprar" caminhão-pipa a cada vez que fica sem água, é de armazenamento de maneira inadequada. O lema diário é de economizar e sempre que possível armazenar o pouco que conseguem em galões, tambores e até grandes cestos vendidos em lojas de artigos domésticos com a finalidade de serem utilizados como lixeiras.
Vale tudo na hora de se "virar nos 30", no entanto, isso se torna muito arriscado quando consideramos a saúde e qualidade de vida que toda cidadã merece ter.
A manicure Paola Mendes, 27 anos, moradora do bairro Cristo Rei, é um dos exemplos, e relata que armazena sua água em um tambor, no entanto, muitas vezes ao recorrer a água armazenada, ela já não está em boas condições de uso.
"Aqui em casa eu guardo em panelas e em um cestão de lixo que eu comprei com uma tampa, mas tem vezes que eu vou usar e a água já está fedida, suja, muitas vezes até com baratas dentro".
A doutora Annie Caroline Magalhães Santos, ginecologista e obstetra, especialista em gestação de alto risco, explica que a água sendo armazenada de maneira indevida, pode fazer mal e põe em risco a saúde da mulher. O período menstrual é ainda mais preocupante, pois ela está muito mais vulnerável a se contaminar com alguma bactéria.
"Tanto a mulher quanto o homem devem ferver a água armazenada de maneira imprópria, como na maioria dos casos, para utilizar principalmente na sua higienização íntima".
Além disso, a doutora pede para que as vítimas do descaso da escassez de água, não recorram aos famosos "lencinhos umedecidos", pois ele muda o PH vaginal. Os lenços mudam a biota natural do corpo, favorecendo a proliferação de bactérias e o surgimento de doenças. "A mulher que recorre muito ao lencinho umedecido pode ter irritações e as bactérias podem causar vaginites no geral", explicou a médica.
Além disso, a médica comentou que se apoia na esperança da lei de distribuição de absorventes em escolas públicas e postos de saúde, proposta pela deputada Janaína Riva (MDB).
Em Mato Grosso, a proposta de lei da emedebista foi aprovada pela Assembleia Legislativa (AL), porém foi vetada pelo Governo do Estado. No entanto, o veto ainda não foi apreciado pela AL.
"O absorvente já não é um item tão barato. Tem mulheres que acabam se ausentando do seu trabalho, jovens e adolescentes que deixam de ir às escolas e faculdades por não terem acesso a esse produto de higiene básica. A maioria delas se sente suja. A menstruação nada mais é do que a escamação do útero, é um odor forte. Imagina a situação destas mulheres que convivem com essa dificuldade do acesso ao absorvente tendo que enfrentar também a escassez de água. Isso com certeza mexe com o psicológico de uma mulher",finalizou a médica.
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