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Cidades Domingo, 23 de Junho de 2024, 09:46 - A | A

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CULTURA

Redes de Várzea Grande perpetuam tradição

A confecção da rede é um resgate à cultura, faz com que seu povo tenha orgulho da própria história e contribui com o desenvolvimento econômico e social de uma comunidade.

Assessoria

Você pode até não ter uma famosa rede de Limpo Grande em casa, mas ao ver uma sabe exatamente que ela foi feita em Várzea Grande, fruto de uma cultura e tradição secular, que passa de geração em geração. Feitas à mão por mulheres que desafiam a tecnologia tecem manualmente, são verdadeiras obras de arte. A confecção da rede é um resgate à cultura, faz com que seu povo tenha orgulho da própria história e contribui com o desenvolvimento econômico e social de uma comunidade.

Para valorizar e impulsionar o trabalho realizado pelas redeiras de Limpo Grande, a prefeitura de Várzea Grande, entregou no ano passado, o Centro Cultural ‘Neide Clemente Lemes’, no distrito do Limpo Grande. Espaço adequado à produção, à exposição, encontros, simpósios, cursos, comercialização e à visitação do artesanato genuíno de Várzea Grande.

A rede é o carro-chefe, é o produto mais conhecido, mas também são feitos xales, caminhos de mesa, saídas de praia, bolsas, acessórios e produtos sob encomenda às redeiras que fazem parte da Associação das Redeiras de Limpo Grande, a Tece Arte. A organização é voltada para o resgate e ao fomento da maior tradição cultural da cidade.

O prefeito Kalil Baracat (MDB) destacou que, com a criação efetiva da associação, as redeiras do Limpo Grande puderam ganhar representatividade e apoio institucional para a participação de feiras importantes dentro e fora do estado de Mato Grosso para a divulgação dos seus trabalhos.

“Fico muito feliz em incentivar a cultura, investindo de forma que as futuras gerações possam dar continuidade nesta tradição fantástica e única no mundo que são as redes e o artesanato produzido no Limpo Grande, aliás, a história das redes se confunde com a própria história de Limpo Grande e de Várzea Grande”, pontuou.

Como resultado desse apoio institucional, o número de redeiras aumentou de 18 para 50. Além disso, o coletivo já vendeu mais de 80 redes no ano. Sem essa ‘dobradinha’, eram cerca de 10 unidades ao ano. “Uma história que melhorou muito nos últimos anos. E foi esse apoio que não deixou essa arte, que se funde a nossa própria história, fosse extinta, por falta de redeiras, pois a nova geração estava perdendo o interesse”, lembra o prefeito Kalil Baracat.

NA PONTA - A representante da Associação, filha de uma redeira, Jilaine Maria da Silva, conta que são quase dois meses para concluir uma única rede.

Ela destaca que desde que a Tece Arte saiu do papel, Limpo Grande passou definitivamente a ser reconhecido nacionalmente como o berço das redes. “Sem dúvida alguma, as redes são o cartão postal da cidade e o Centro Cultural que foi entregue no ano passado, permitiu a expansão da nossa arte, da nossa cultura para o estado, para o país e até para outros países”.

Como frisa Jilaine, o Centro Cultural passou a ser um cartão postal, referência, endereço da arte de Limpo Grande, que contribui para a melhoria do turismo na região. “Muitos gargalos foram sendo eliminados. A cultura e a tradição estão sendo disseminadas, a associação agregou redeiras que estavam desistindo do ofício e procurado outras profissões e eliminamos a figura do intermediário, que ficava com parte do lucro”.

Recentemente, durante a edição 2024 da Feira Internacional de Turismo do Pantanal (FIT Pantanal), Jilaine disse que a Associação teve mais uma oportunidade de contato para negócios futuros e que em breve terá uma coleção lançada nos Estados Unidos, em uma parceria celebrada recentemente.

A própria história de vida da Jilaine se funde com arte redeira. Assim como as 50 artesãs que representa por meio da Tece Arte, ela lembra que quando tinha comida em casa e transporte para ir para escola era sinal que a mãe tinha vendido uma rede. “Meu pai trabalhava na roça e a rede sempre garantiu o sustento da minha família.

Quando estávamos na infância, a gente começava a ajudar a mãe a fazer a ‘varanda’ e era um trabalho que tinha de ser feito de dia, porque não tínhamos energia elétrica. E olha que estamos falando de um tempo não tão longe. Tenho 37 anos e comecei aos 12 anos”, pontua a artesã.

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